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Francisco Luís Fontinha

Blog do poeta e artista plástico Francisco Luís Fontinha.

Francisco Luís Fontinha

Blog do poeta e artista plástico Francisco Luís Fontinha.


04.11.23

20231104_083133.jpg

Podíamos partir em direcção ao mar

E levar connosco todos estes livros,

Todas estas memórias.

Podíamos brincar no mar

E desenhar na areia o sorriso do silêncio,

Podíamos escrever na espuma do mar…

O quanto mar existe nos teus olhos,

Do mar Oceano das tuas mãos,

Podíamos regressar a Ítaca

E resgatar o soldado infeliz,

Conversávamos com a esposa de Zenão…

(o paradoxo de Zenão)

Podíamos voar sobre as árvores,

Podíamos cantar junto ao rio…

Podíamos aprisionar o vento

E a chuva,

Podíamos partir em direcção ao mar

E levar connosco todos estes livros,

E todas estas sombras.

 

 

04/11/2023


15.10.23

Afinal onde ficou

O teu primeiro olhar

Onde se esconde

O teu primeiro sorriso

A tua primeira lágrima

Afinal onde ficou

O teu primeiro olhar

Onde se esconde agora

O teu primeiro silêncio

Para mim

Afinal onde ficou

A tua primeira palavra

Que se abraçou

Ao meu poema

Afinal onde ficou

Onde se esconde

O teu primeiro olhar

Do teu primeiro beijo

Afinal onde mora

Onde está

A tua primeira alegria

Do dia

Em poesia.

 

 

15/10/2023


28.09.23

Semeio as minhas palavras

No curvilíneo teu corpo

Madrugada em desalinho

Neste pequeno leito em linho

Meu doce grama de saudade

Semeio as minhas palavras

Dentro de ti

Em ti

Madrugada

Sentido rio que se esconde em tua mão deserta

Liberta do meu pulso

Da caneta que te escreve

E inventa nos teus seios…

O beijo.

 

Semeio em ti doce madrugada

As alegres

E as tristes

Minhas amargas palavras

Meus poemas em teus lábios

Quando me beijas e eu sinto a frescura da manhã

Em fuga

E se esconde na fogueira do silêncio…

 

Invento em ti a enxada

Que desbrava a terra ensanguentada

Das guerras

Da fome

Do infeliz desejo que queria ser…

O sonho

No sonho de escrever nos teus lábios

Todas as equações que o corpo absorve

E come

E lambe…

Toda a tua pele de saudade.

 

Semeio as minhas palavras no teu púbis

E à janela do nosso quarto

Ele que nos olha

Que nos sente

E mente…

Ele…

O agricultor de palavras

Da enxada

Do livro prateado

Sobre a mesinha-de-cabeceira…

E no entanto

Semeio-te com as minhas palavras

Na tua pele

Nos teus lábios

Na tua boca.

 

E eu

E eu sou o louco

O que pensa muito

O que não devia pensar

Pensando que te desejo dentro deste livro secreto

Que deixo sobre o aparador

Ao deitar

Meia drageia de saudade

E no entanto

Escrevo em ti de ti o que que preciso de escrever

Do amar

Do que me amas e não devias amar

Porque sou apenas um agricultor

Um agricultor de palavras.

 

 

28/09/2023


28.09.23

Afasta-te de mim

Afasta-te da minha voz

E das minhas mãos

Afasta-te das minhas palavras

Das minhas noites…

E das minhas equações

Afasta-te do meu olhar

Afasta-te dos meus poemas

Os que escrevi

E os que irei escrever

Afasta-te do meu mar

E dos meus sonhos

Afasta-te da lua a crescer

E do luar

Poisado nos meus braços

Afasta-te dos meus beijos

E dos meus cansaços

E afasta-te dos meus livros

Que escondo nos meus abraços

 

 

 

28/09/2023


27.09.23

Meu pequeno solstício do desejo

Meu poema

Minha oração cansada

Quando deitada

Nesta cama

 

Sem perceber

Se um dia ao acordar

Também acordará a poesia

A mentira fictícia da ausência

Entre o sonho e o mar

Entre o mar

E o dia

 

E o dia em clemência

Pedindo

Ordenando que acorde também a noite

Quando um pedaço de tudo

Se ri de mim

E rindo

Também me rio também me amar

Do mar eu

Ao teu nosso mar

 

Meu pequeno solstício do desejo

Meu poema

Minha oração cansada

Quando deitada

Nesta cama

 

Dos livros nossos livros

Das nossas flores

Flores nossas mãos entrelaçadas

Ao lençol de neblina

Que cobre a tua pele

Do linho amargo ao silêncio-pastel

Deitado na tela

Deitado no teu ventre.

 

 

27/09/2023

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