Nunca vi o mar,
A minha mãe sonâmbula nas noites de cacimbo desenhava o mar no teto da alcofa, um círculo com olhos verdes e sorrisos e cheiros que aprendi a distinguir antes de adormecer, e eu, e eu... francisco luís fontinha.
Nunca vi o mar,
A minha mãe sonâmbula nas noites de cacimbo desenhava o mar no teto da alcofa, um círculo com olhos verdes e sorrisos e cheiros que aprendi a distinguir antes de adormecer, e eu, e eu... francisco luís fontinha.
simetricamente encerrado nas torradas e no chá com pimenta às portas da urna de vidro onde habita a saudade
a marquise doente tosse febre rouquidão (malditos cigarros) lamenta-se o coveiro levanta-se a urna de vidro e pede um poema de menta e um cinzeiro (AI) ouve-se do interior da padaria
a menina de mini saia a gritar fujam fujam fujam... há orgias dentro da livraria
quem diria (AI)
a livraria cansada com mãos de página de revista ou rolo de papel higiénico
fujam fujam fujam
quem diria (AI AI AI)
quem diria que um dia dentro da livraria eu ia eu ia encontrar um livro em orgia.
Não sabia que a loucura é um frasco de vidro com olhos verdes que ama loucamente a paixão não não sabia que em ti cresce poesia
melancolicamente em alegria geometricamente suspenso no teu pescoço com asas azuis e suspiros de prata
a loucura um frasco de vidro com olhos verdes (melancolicamente em alegria geometricamente suspenso no teu pescoço com asas azuis e suspiros de prata) a fotografia do teu rosto cinzento
o frasco de vidro desce ao silêncio do sono uma fotografia com olhos verdes a loucura transpira emagrece sorri e ri e liberta-se das tuas garras (loucamente) a paixão
sem amarras a loucamente loucura na tua mão com olhos verdes
sem cancelas portas ou janelas
a paixão cresce a paixão cresce e transpira ou janelas portas sem cancelas
não admira não sabia que a loucura é um frasco de vidro com olhos verdes que ama loucamente a paixão
ama a paixão loucamente nos lábios de uma gaivota ama ela com ternura eu não sabia que a poesia é um frasco de vidro com olhos verdes... a loucura sem ela quando finge dormir dentro do mar
Me encanta a tua voz poética nas tuas palavras de sofrimento me encantam as tuas mãos melódicas quando regressa o vento e eu me encanto com os teus lábios de inverno junto à lareira me encanta o teu cabelo (Loiro? Eu não sou Loira... eu sou Castanha!) como se isso me importasse porque me encanta a tua voz poética e eu me encanto com as noites de primavera à lareira a imaginar o teu cabelo (Loiro Castanho, Castanho Loiro, Loiro Castanho, Castanho Loiro)
Me encanta a tua voz poética nas tuas palavras de sofrimento me encantam as tuas mãos melódicas quando regressa o vento