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Francisco Luís Fontinha

Blog do poeta e artista plástico Francisco Luís Fontinha.

Francisco Luís Fontinha

Blog do poeta e artista plástico Francisco Luís Fontinha.


17.01.14

foto de: A&M ART and Photos

 

Há uma estrada que nos transporta até à cidade do gelo

dento do desejo medo

um livro teu mergulha na inocência da noite poética

o uísque embainha-se no gelo da cidade perdida

e uma personagem invisível veste-se de madrugada

há uma estrada

uma rua e um nome...

há um calendário que me insemina na doce margarida em pétalas fungiformes

dos torrões de açúcar

e escreve no meu corpo os números tristes das planícies dos cegos

a gaivota da tua mão mórbida aparece nas costas do cortinado cinzento junto à lareira da paixão

e um corpo...

o teu corpo... arde como papel vegetal em pequenos esquissos dos loucos projectos,

 

Há vozes de granito que iluminam a escuridão das tuas pálpebras

e dor que transforma as plantas vivas em mortas jangadas de veludo

há a dita cidade do gelo

encastrada nos seios da mulher de palha...

oiço-os em gritos andaimes depois da despedida que o cais das lágrimas de aço transborda montanha abaixo

rio acima tudo dorme sem perceber que da noite nascem lençóis de prazer

e as pontes de vidro que eu toco são como a frieza dos teus velhos lábios...

o nome que não sei pronunciar

escrever...

o nome inventado nos rochedos de areia da cidade do gelo

há uma estrada em ti que me acorda em todas as alvoradas

e... e desejei eternamente ser em cartolina como os jardins do nada.

 

 

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 17 de Janeiro de 2014


16.01.14

foto de: A&M ART and Photos

 

Incinero-me na tua sombra com os espelhos nocturnos do inverso complexo número

e sinto em ti as cinzas equações das tristes integrais

duplas… triplas...

infinitamente sós

soalheiramente sentadas num quadriculado caderno com capa negra

argolas nuas dos simplificados arames maleáveis em chapéus de palha humedecida pelo desejo orvalho da madrugada...

sinto-te desfalecer a cada minuto em desassossego e as janelas não mais acordaram depois da tempestade

o silêncio mergulha-te

insemina-te de falsos alicerces...

como falsas deles as palavras que somos obrigados a ouvir

incinero-me na tua sombra sem o saber

e não entendo as tuas lágrimas após caírem sobre o soalho os cortinados da solidão...

 

 

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2014


15.01.14

foto de: A&M ART and Photos

 

Perceber o fogo do corpo em suspenso

aquele que arde entre a morte e as palavras enraivecidas

escrever no corpo que arde em suspenso quando os lábios do fogo

não morrem... e permanecem inconstantes como um círculo descendo a calçada da Ajuda

perceber que o homem arde

fervilha

e dorme no colo de outro homem...

ergue-se o cansaço argiloso das andorinhas de papel

vem a nós os desejos preguiçosos das saudades de ontem

e fervilhas

como um pedaço de madeira nas mãos de Deus...

porque o rio se despediu de ti e tu permanecerás dentro da lareira da paixão.

 

 

 

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 15 de Janeiro de 2014


14.01.14

foto de: A&M ART and Photos

 

A mágica sílaba louca

da ardósia tua boca

desenhando

escrevendo

construindo palavras nas pálpebras do sono,

 

A mágica sílaba louca

correndo à fonte a água pouca

saltitando

sonhando

as madrugadas de veludo em seu tão distinto trono,

 

A mágica sílaba louca

como nunca ninguém a viu nas manhãs sem touca

humedecendo

comendo

os censurados cobertores do absorto mono...

 

A mágica sílaba louca

sabendo que terminaram todas as rimas do silêncio em poupa

a cabeça dançando

e os braços... e os braços abraçando

as insígnias maleitas do desejo nono.

 

 

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 14 de Janeiro de 2014

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