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francisco luís fontinha

Nunca vi o mar, A minha mãe sonâmbula nas noites de cacimbo desenhava o mar no teto da alcofa, um círculo com olhos verdes e sorrisos e cheiros que aprendi a distinguir antes de adormecer, e eu, e eu... francisco luís fontinha.

francisco luís fontinha

Nunca vi o mar, A minha mãe sonâmbula nas noites de cacimbo desenhava o mar no teto da alcofa, um círculo com olhos verdes e sorrisos e cheiros que aprendi a distinguir antes de adormecer, e eu, e eu... francisco luís fontinha.


28.02.14

foto de: A&M ART and Photos

 

Perdidamente só dentro das quatro colunas imaginárias de granito envergonhado,

habito no medo pelo medo, de... medo do medo, com medo, não sabendo que sou um transeunte desgovernado,

vivo e desabito a vida de ser sem o ser,

não percebo porque voam os corpos com asas de papel saudade,

inventando Oceanos de algodão nos lábios das meninas de trapos,

bonecas com sabor a infância e que trazem nos olhos a esperança...

esperança de... não terem esperança porque a esperança deixou de fumegar na lareira do desejo,

morreu o Amor e morreram todos os poemas de Amor,

morreram os homem da caneta de tinta permanente,

tenho uma na minha mão (de José António Tenente),

cansado de mim e das tuas palavras com sabor a argila negra,

permanente só, só... só dento do meu eu...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 28 de Fevereiro de 2014


27.02.14

Foto de: A&M ART and Photos

 

(aos meus pais que fazem hoje 49 anos de casados)

 

 

As tuas mãos gélidas nas minhas pálpebras de insónia,

oiço-te sorrir junto ao tanque da agonia,

ao longe os gemidos trémulos do sino da Igreja...

percebo que nos teus olhos habitam lágrimas de papel colorido,

e sobre os teus ombros,

o peso,

o peso imensurável das sombras do abismo,

o peso... o peso da saudade saboreando as nuvens de algodão da madrugada,

 

As tuas mãos são como pedaços de barro esquecido na parede da solidão,

há em ti cabelos perdidos e alguns silêncios intransponíveis, ocultos... mórbidos,

há dentro de ti o cansaço,

o triste cansaço da vida,

e das tuas mãos as doces carícias do amanhecer,

há uma janela com palavras de acordar...

e palavras de acordar nos cortinados que cobrem as tuas mãos gélidas,

as tuas mãos de mim, as tuas mãos de uma sanzala enrolada em capim...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 27 de Fevereiro de 2014


26.02.14

foto de: A&M ART and Photos

 

A imagem tua estampada no rosto inverso do vidro

vêem-se de ti os cabelos da madrugada trigonométrica procurando senos e cossenos

e dentro do círculo trigonométrico

os teus tristes lábios em três quartos de pi radianos

a imagem acorda em ti e cansa-se do silêncio transferidor

e as lágrimas envergonhadas como pedras fundeadas na ribeira do Adeus

desaparecem ao amanhecer

tenho medo confesso-lhe

e ela desesperadamente

desenha-me na ardósia manhã como beijos tangenciais ao quadrado do Amor

o rio flui até encostar-se à fórmula fundamental da trigonometria...

e percebo que o seno ao quadrado de alfa mais o cosseno ao quadrado de alfa é igual à unidade... a (imagem tua estampada no rosto inverso do vidro...)

 

Imagino-te nua sem saberes que no espelho encarnado vivem gaivotas veleiros

e pernaltas petroleiros

 

A imagem tua estampada no rosto inverso do vidro

a equação da Saudade desfaz-se em pedacinhos papeis...

que voam em direcção ao infinito onde se abraçam rectas paralelas e ventos circunflexos

corpos incandescentes ardem como ângulos adormecidos

há lareiras em desejo na janela da noite

quando os versos transformam-se em sanduíches de nada

e do nada

a tua imagem sem saber que as integrais triplas são amantes dos cossenos hiperbólicos...

a matriz transposta invade o púbis da matriz inversa

choras...

dormes... como uma criança deitada na equação diferencial da paixão

e a tua imagem... e a tua imagem esconde-se na lixeira do inferno.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 26 de Fevereiro de 2014


25.02.14

foto de: A&M ART and Photos

 

Às flores vencidas

aos pilares de areia das tardes perdidas

às árvores emagrecidas

e aos rios condenados

tristes

tristes e apaixonados

aos sorrisos de algodão

e às lágrimas de porcelana

às flores envelhecidas que ressuscitadas insistes

e ignoras

e choras...

a madrugada das persianas embaladas,

 

(às flores vencidas

e aos cansaços amores do invisível desejo)

 

Às flores vencidas

que se escondem em jardins com janelas encardidas

aos pássaros de marfim com ossos desventrados em marés esquecidas

e aos silêncios com palavras escritas em paredes de xisto

e tu não percebes os sonhos com coloridos quadrados e círculos nocturnos

e desisto

de procurar os lábios da Garça sem graça... nas ruas de Lisboa

descendo a calçada endiabrada comendo rebuçados de voláteis cigarros de chumbo...

às flores enroladas em trigonométricos fumos

que morrem na cidade das esplanadas de vento

com sofrimento

a vós, a todos vós que têm corações de pano e beijos de chita...

 

(às flores vencidas

e aos cansaços amores do invisível desejo)

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 25 de Fevereiro de 2014

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