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Francisco Luís Fontinha

Blog do poeta e artista plástico Francisco Luís Fontinha.

Francisco Luís Fontinha

Blog do poeta e artista plástico Francisco Luís Fontinha.


27.08.14

Orvalhara o feldspato frio do meu peito,

Inventaste a manhã para me obrigar a acordar,

Roubaste-me os sonhos que embrulhavam a noite de carvão…

Semeaste nos meus braços o desejo,

Plantaste em mim a flor proibida,

Plantaste em mim o jardim dos beijos,

 

 

Escreveste nos meus cabelos “amo-te”…

Quando do açafrão o amarelo amanhecer penetra o meu olhar,

Sinto as minhas pálpebras de papel voarem em direcção ao mar,

Sós…

Como se elas fossem o feldspato frio que se acorrenta ao meu peito,

E sei que me olhas enquanto escrevo,

 

 

Roubaste-me todas as canetas de tinta permanente que habitavam em mim,

Escondeste os livros e as sebentas do meu cansaço,

Guardas dentro de ti a chave do meu coração…

E apenas me deixaste os cachimbos adormecidos que a madeira apodrecerá,

Sem que uma fina lágrima se agarre ao espelho das tuas coxas,

Sós…!

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 27 de Agosto de 2014


16.08.14

Inventava no teu olhar barcos de esferovite,

desenhava nos teus sonhos rios sem nome,

vinhedos,

socalcos...

e tantos medos,

 

Inventava no teu corpo soníferos de verniz,

casinhas de papel onde brincávamos,

escrevia em ti o desejo sem giz,

inventava na tua almofada com bolinhas encarnadas o beijo...

uma porta que batia, lá longe, muito longe,

onde habitava o corredor da mendicidade,

tínhamos os cigarros suspensos no espelho do guarda-fatos,

e sentíamos o vento latir sob a janela da insónia...

éramos dois pássaros poisados num abraço de madrugada,

éramos duas rebeldes nuvens em direcção ao mar,

e sentíamos...

e tínhamos...

 

Amanheceres disfarçados de traição,

 

E inventava nos teus cabelos uma canção,

percebia-se na musicalidade das tuas mãos os tristes Invernos...

a lareira acesa e dois copos recheado com vinho do Douro,

os teus seios de diamante lapidado entretinham-se com os meus lábios...

e eu nunca entendi o significado amar,

 

Vinhedos,

socalcos...

e tantos medos.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 16 de Agosto de 2014

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