Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

francisco luís fontinha

Nunca vi o mar, A minha mãe sonâmbula nas noites de cacimbo desenhava o mar no teto da alcofa, um círculo com olhos verdes e sorrisos e cheiros que aprendi a distinguir antes de adormecer, e eu, e eu... francisco luís fontinha.

francisco luís fontinha

Nunca vi o mar, A minha mãe sonâmbula nas noites de cacimbo desenhava o mar no teto da alcofa, um círculo com olhos verdes e sorrisos e cheiros que aprendi a distinguir antes de adormecer, e eu, e eu... francisco luís fontinha.


31.08.15

Tão só meu amor

Com este dardo de silêncio cravado no meu peito,

Ouvido o grito da madrugada

Embriagada pelo saber,

Escrevendo no teu corpo as palavras de envelhecer,

Tão triste meu amor

A manhã antes de acordar,

O soalheiro abdómen da sílaba embriagada mergulhando no suicídio,

O mar

Correndo nas tuas veias,

Circunferências de prata brincando nos teus seios,

Meu amor,

Tão triste estar só,

Tão triste sentar-me numa esplanada e perceber que estou só…

Eu e aminha sombra,

Imaginando o rio junto aos meus pés brincando com as minhas palavras,

Inventando crianças alicerçadas a um passeio da cidade imaginária,

Viver não vivendo as cúbicas gotículas de suor descendo o teu púbis…

Tenho medo meu amor,

Tenho medo de encerrar o meu coração

E fazer dele uma monta não acessível,

Tenho medo meu amor

De abraçar-te sabendo que não é possível abraçar-te…

Tão só meu amor

Com este dardo de silêncio cravado no meu peito,

Os engates fictícios num livro de ficção,

Um poema masturbado olhando um murro de xisto cansado,

E eu

Meu amor

Aqui… tão só… cansado,

Acaricio-te na tela da solidão,

Pego na tua mão,

Desenho os teus lábios no meu peito,

Aquele… cravado com um dardo de silêncio,

E nunca estou feliz

Meu amor,

E nunca estou vivo

Meu amor,

Pareço um petroleiro desajeitado não encontrado o Oceano da paixão,

Sou um marinheiro solitário,

De cachimbo na mão…

Gritando,

Meu amor

Meu amor,

O mar,

Correndo nas tuas veias,

A maré saltitando nos teus seios,

E sabes

Meu amor,

A prata é uma cânfora manhã desejada,

Envaideces-te e escondes-te,

Corres e não regressas mais à minha janela…

Porque não tenho casa…

Porque não tenho janela.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 31 de Agosto de 2015


30.08.15

Não espero nada do próximo amanhecer,
Não sei se amanhã haverá amanhecer…
Não sei se estarei acordado para o ver,
No próximo amanhecer
Quero estar junto ao mar,
Desenhar na maré o rosto do silêncio,
E escrever,
Sentar-me sobre uma pedra imaginária,
Olhar-te sem te ver…
No próximo amanhecer,
Escreverei palavras no teu olhar?
Não o sei…
Não o sei sem sofrer,
Não o sei…
Não o sei sem te amar!

Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 30 de Agosto de 2015


29.08.15

desenho_30_08_2015.jpg

(desenho Francisco Luís Fontinha – Agosto/2015)

 

Deixou de habitar este corpo a paixão diabólica da alma sem destino,

Deixaram de escrever as palavras do vento estas mãos esfarrapadas,

Longínquas do olhar da madrugada,

O medo alicerça-se ao peito, as facas do silêncio grunham como as serpentes envenenadas pela noite,

O tédio quando esqueço a solidão e construo círculos de luz nos teus seios…

O teu corpo desabitado, encurralado nas cordas de nylon dos Oceanos mendigados,

E não consigo perceber o amor das flores desenhadas nos teus lábios perfumados,

Como nunca percebi o desejo em mim do estranho luar…

E este mar, meu amor,

Crucificado nas espingardas do coração abandonado,

Semeado nas searas do cansaço…

É triste, meu amor…

Deixar de habitar este corpo a paixão diabólica da alma sem destino,

É triste, meu amor…

Cair sobre mim o tecto do sofrimento junto ao Tejo,

E os Cacilheiros na minha boca… sufocando-me com o relógio enforcado nas pontes do Cacimbo fugindo do pôr-do-sol…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 29 de Agosto de 2015

Pág. 1/15

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2015
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2014
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2013
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2012
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2011
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub