Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Francisco Luís Fontinha

Blog do poeta e artista plástico Francisco Luís Fontinha.

Francisco Luís Fontinha

Blog do poeta e artista plástico Francisco Luís Fontinha.


28.09.15

desenho_27_09_2015.jpg

Fontinha – Setembro/2015

 

Atravesso esta cidade de olhos vendados,

Apenas tenho tempo para desenhar o cheiro das flores

E dos beijos que vagueiam nos jardins da infância,

Não tenho medo da noite

Nem das estrelas que brincam no meu cabelo…

Sinto as carruagens enferrujadas de um comboio descendo a Avenida,

Sentam-se junto a mim…

Puxamos de um cigarro,

E acreditamos no regresso das sanzalas

E dos musseques em finas placas de zinco,

Depois, depois vem o silêncio disfarçado de luar,

Não fuma, não bebe…

 

Apenas escreve nos nossos corpos…

Saudade,

 

E depois a saudade escrita

Transforma-se em homem,

Corre, brinca e sofre…

Até que a cidade dispara sobre ele uma bala envenenada…

 

E morre.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 28 de Setembro de 2015

 


26.09.15

desenho_25_09_2015.jpg

(Fontinha – Setembro/2015)

 

Transposta matriz do teu olhar

Nas catacumbas da solidão,

Cresço sobre o teu corpo,

Transporto-me para os teus lábios de Outono inventado por um louco,

E de mim,

O susto coração de ébano…

Sinto as tuas mãos embriagadas,

Sinto os teus braços acorrentados à madrugada,

Sem iluminação,

Sem nada,

A matriz da paixão,

Dorme docemente na ardósia da solidão,

Cansaço este nas avenidas triangulares do sexo,

Que esta cidade engole,

E come,

E cresço, e cresço sobre ti,

Dançando,

Chorando…

Rindo,

Porque não?

O riso da paixão,

O silêncio do amor quando o amor é uma noite sem destino,

O menino,

Ele,

Cinzento como a ferrugem do prazer,

Não o sei,

Se saberei ler,

Ou… ou escrever,

No teu corpo,

Abandonado…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

sábado, 26 de Setembro de 2015


25.09.15

desenho_23_09_2-015.jpg

(Fontinha – Setembro/2015)

 

Deixei de sonhar com as tuas sombras sem sorriso,

Sufocam-me as tuas palavras amargas…

Sofridas e falsas,

Deixei de olhar o mar

E os barcos embriagados pela sonolência da noite,

Agora pareço um Cacilheiro amarrado às folhas ténues dos Plátanos,

Escrevo-te,

Mas não sonho com as tuas sombras,

Sem sorriso,

Agora,

Ontem…

A alegria de estar só.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 25 de Setembro de 2015

 


23.09.15

desenho_22_09_2015.jpg

(Fontinha – Setembro/2015)

 

As ruas sempre desertas,

As palavras ensonadas,

Na minha mão entre pássaros e sombras cansadas,

O peso do meu esqueleto procurando imagens sem nome,

O livro sobre a secretária com fome…

Quase que me come,

E eu, e eu tenho de me esconder nos teus braços silenciosos,

Como faz o luar quando foge para a montanha da saudade,

Vivo nesta cidade

Confundida com as estrelas e os rochedos da insónia,

Desço as escadas do sonho

E percebo que as ruas são túneis assombrados sem clarabóias para o mar…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 23 de Setembro de 2015

 


22.09.15

(Aos anónimos dos favoritos)

 

Sentíamos a liberdade do vento dançando sobre os nossos corpos em desejo,

Um sótão recheado de livros gemeia, e da janela ouviam-se alguns sussurros insolentes, tristes, como serpentes mergulhando no peito da noite,

O rio que caminhava nas nossas veias saltitava nas luzes do prazer,

Uma clarabóia em delírio alicerçava-se aos teus seios, olhava-a, e via o luar em lágrimas, como se fosse esta a nossa última noite,

Amanhã não vens, e nunca mais existiram fotografias minhas no espelho da paixão,

Morri,

Não o sei…

Ou… ou talvez não,

Deixei de sentir a liberdade,

Deixei de pertencer aos sonhos em papel químico, e hoje sou apenas uma sombra escondida nas coxas do poema,

Senti, vivi o teu corpo misturado nas marés cinzentas da madrugada,

Não sei, meu amor,

Não sei se voltarei a olhar-te…

É que os meus olhos cerraram-se e apenas consigo imaginar os barcos agachados no Oceano amanhecer.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 22 de Setembro de 2015

Pág. 1/8

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2015
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2014
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2013
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2012
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2011
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub