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francisco luís fontinha

Nunca vi o mar, A minha mãe sonâmbula nas noites de cacimbo desenhava o mar no teto da alcofa, um círculo com olhos verdes e sorrisos e cheiros que aprendi a distinguir antes de adormecer, e eu, e eu... francisco luís fontinha.

francisco luís fontinha

Nunca vi o mar, A minha mãe sonâmbula nas noites de cacimbo desenhava o mar no teto da alcofa, um círculo com olhos verdes e sorrisos e cheiros que aprendi a distinguir antes de adormecer, e eu, e eu... francisco luís fontinha.


30.10.19

Quem és tu, meu amor!

Que me aprisionas todas as madrugadas.

Quem és meu amor!

Das ribeiras cansadas.

Quem és tu, meu amor!

Que me iluminas nas tardes passadas.

Quem és tu, meu amor!

A flor que desenha no meu olhar,

As roseiras,

E o mar.

Quem és…

Menina das palavras,

Dentro dos livros embriagados,

Pelo silêncio,

Que um dia,

Ao acordar,

Poisem as gaivotas na minha mão,

E acordem os corpos camuflados,

Num coração.

Quem és?

Papel onde escrevo,

Corpo que me alimenta,

E sinto,

E vejo,

A neblina cinzenta,

Como uma pedra invisível,

Como a água-benta.

Que és… meu amor!

Meu relógio desgovernado,

Suspenso na claridade das tardes sonolentas,

Gritas,

Vens,

Avanças sobre mim como uma flecha,

Que arde no peito,

E me deito,

E durmo a sesta.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

30/10/2019


29.10.19

Como seria hoje sem ti, meu amor!

Uma merda.

Uma canção,

Uma flor,

Irrompe do chão,

De espingarda na mão.

E dispara,

Contra o tédio,

Uma bala de canhão.

Como seria hoje sem ti, meu amor!

Uma revolução,

Um beijo na mão,

Ou um livro em combustão.

Como seria hoje sem ti, meu amor…

Só, nesta escuridão,

Sentado,

Descalço,

Desnudo,

Cansado,

Olhando o mar alicerçado,

Aos ombros do capitão.

A alvorada,

Sempre distante da espingarda,

Como seria hoje?

A trovoada,

Dançando na solidão,

Comendo pipocas,

Junto ao rio da desilusão…

Como, diz-me!

Como seria hoje sem ti, meu amor!

Quando no interior,

Desta confusão,

A mesma flor,

Morre na minha mão.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

29/10/2019


27.10.19

Abstenho-me de sonhar.

Sinto no corpo o cansaço das armas proibidas.

Abstenho-me de sonhar,

Desenhar,

Escrever no sonho a madrugada de amar.

Pintar.

Mar.

Abstenho-me de sonhar.

O poeta das noites perdidas.

O astronauta das tardes prometidas,

Junto à ribeira,

Lá longe,

O apito do comboio em suicídio…

Apetece-me partir.

Fugir.

Escrever no teu olhar

As tardes passadas na eira.

Sem fronteira,

Caminho velozmente contra o vento,

Alguém, alguém mente,

E sofre,

As dores do sofrimento.

Abstenho-me de sonhar.

Escrever,

Desenhar.

Abstenho-me de pintar,

Quando uma gaivota poisa no teu silenciar….

E pela madrugada,

Sem o saberes, sem o quereres,

Uma nuvem começa a chorar.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

27/10/2019


26.10.19

O medo.

Tenho medo do medo.

Tenho medo de voar sobre o medo,

Quando o medo,

Corre velozmente até à Foz.

Quando a Foz, com medo,

Esconde-se no medo da voz.

O medo.

O medo do medo, como eu, com medo, me escondo na noite com medo.

O medo das palavras.

O medo da ausência de que partiu com medo.

As palavras do medo, quando o livro do medo, fica poisado no medo da mesa-de-cabeceira.

E eu,

Com medo,

Brinco no medo da eira.

Ai o medo!

O medo de amar.

O medo do medo de não ser amado com medo.

O medo das flores,

As flores do medo,

Sós,

No jardim do medo.

O medo de caminhar,

O caminhar junto ao mar, com medo,

Com medo de zarpar.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alij´p

26/10/2019

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