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Francisco Luís Fontinha

Blog do poeta e artista plástico Francisco Luís Fontinha.

Francisco Luís Fontinha

Blog do poeta e artista plástico Francisco Luís Fontinha.


19.09.23

Sou guardião do teu olhar

Ó salgado mar!

Sou guardião do teu olhar

Sou pedaço de palavra que brinca com o luar

Sou estrela que não se cansa de brilhar…

Do teu doce olhar,

 

Sou guardião do teu olhar

Sou maré infinita

Manhã faminta

Sou árvore sonolenta

Que dança ao silêncio do vento

Que lamenta o invisível sorriso

Da sombra ferrugenta.

 

 

 

19/09/2023


02.09.23

Podia esconder-me de ti

Podia vestir-me de noite…

E correr

E andar…

Por aí,

 

Podia ser o vento

Podia

Podia ser a tempestade

Disfarçada de vento

Claro que podia,

 

Podia esconder-me de ti

E em ti

E esconder-me dos teus lábios

E esconder-me…

Na tua boca

Podia,

 

Podia ser aquele silêncio que poisa na tua mão

Podia ser o poema

Podia

Podia ser a alegria

E as palavras do dia

Podia

Podia esconder-me em ti…

 

 

 

Alijó, 02/09/2023

Francisco Luís Fontinha


09.08.23

Porque morrem,

Meu amor

As flores do teu cabelo,

Porque dançam,

Meu amor

As abelhas que brincam no teu cabelo,

Porque morrem,

Meu amor

As flores e as abelhas e os rios

Do teu cabelo,

 

Porque morre,

Meu amor

O desejo dos teus lábios

Na tua boca,

Porque morre,

Meu amor

Nos teus lábios,

O meu beijo clandestino,

 

Porque morrem,

Meu amor

As estrelas dos teus olhos,

Quando os meus olhos…

São um diamante por lapidar,

 

Porque morre,

Meu amor

Nos teus olhos o mar

E o sonho do eu menino…

Também morre,

Quando em ti…

Acorda o luar.

 

 

09/08/2023


05.08.23

Preso, neste edifício de cátedras,

Liberto, desta equação de insónia,

Morto, neste silêncio de luz,

Preso, nas tuas mãos,

Acordado, depois de cair a noite,

Depois…

Ergo-me,

E mato-me nos teus olhos.

 

Preso, às negras sombras do teu cabelo,

Medronho, pequena flor em papel,

Morto, dentro desta invisível caixa de sono,

Que me liberta,

Liberto, das pedras cinzentas onde me sentava,

Quando preso,

Preso, e sem asas,

Afundo-me,

E morro.

 

 

05/08/2023


20.07.23

20230720_193130.jpg

Olho este desenho,

Olho-o como se fosse um filho que não tenho,

Olho-o e não percebo de onde vêm estes traços,

Malditos às vezes,

Que ninguém percebe, como eu,

Mas eles são filhos da minha mão,

Portanto,

Meus filhos são.

 

Olho-os, depois,

Depois começam a acordar as palavras,

Tal como os traços,

Malditas também,

Às vezes,

São tantas as palavras,

Que aproveito meia-dúzia delas…

E as restantes,

Lanço-as ao mar,

Escondo-as.

 

Olho este desenho,

E sinceramente,

Não vejo nada,

E o pouco que vejo,

Vejo um tolo, um tolo que vai à janela,

E fica a olhar a piquena a comer chocolates,

O Esteves em volta do seu cigarro…

E eu,

E eu e o senhor Álvaro de Campos…

A olharmos para a Tabacaria.

 

Depois vou ao mar,

Retiro as palavras que tinha escondido…

E escrevo,

E escrevo parvoíces…

Tais como os desenhos que faço…

 

E feliz eu, que sou filho de Deus, feito à sua imagem…

Se não o fosse,

O Pacheco diria, (Estás fodido, pá).

Já o nosso saudoso João César Monteiro…

Bem…

(Quero que as más-línguas se fodam, que se fodam).

E eu,

E eu aqui a olhar para este pobre desenho,

Só,

E ausente…

Que acabou agora mesmo de nascer,

Que não lhe vou dar um nome,

Ninguém deveria ter um nome,

E mais uma vez,

Olho-o, olho-os,

E nada,

Não vejo nada,

Nem ninguém.

 

O Pacheco que ainda não está contente,

(Puta que os pariu),

E daqui a pouco é o pôr-do-sol,

Regressa a noite,

A noite tem estrelas,

As estrelas são lindas,

E a vaca,

A vaca não dá leite.

 

E mesmo depois de eu morrer,

Estes desenhos andarão por aí,

Por algures por aí…

Alguns prisoneiros de uma parede,

Outros acabarão numa fogueira…

E a maioria…

No cu de alguém.

 

(Olho este desenho,

Olho-o como se fosse um filho que não tenho,

Olho-o e não percebo de onde vêm estes traços,

Malditos às vezes,

Que ninguém percebe, como eu,

Mas eles são filhos da minha mão,

Portanto,

Meus filhos são).

 

E se são ou não o são só a mãe o saberá,

Neste caso,

A minha mão.

 

E ela diz-me que sim,

Olha, não vês pelos olhinhos!

Claro que sim,

Vejo pelos olhos e oiço pelos ouvidos…

Se assim não fosse,

Também eu seria um traço,

E um dia,

Acabaria no cu de alguém.

 

 

 

Alijó 20/07/2023

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