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francisco luís fontinha

Nunca vi o mar, A minha mãe sonâmbula nas noites de cacimbo desenhava o mar no teto da alcofa, um círculo com olhos verdes e sorrisos e cheiros que aprendi a distinguir antes de adormecer, e eu, e eu... francisco luís fontinha.

francisco luís fontinha

Nunca vi o mar, A minha mãe sonâmbula nas noites de cacimbo desenhava o mar no teto da alcofa, um círculo com olhos verdes e sorrisos e cheiros que aprendi a distinguir antes de adormecer, e eu, e eu... francisco luís fontinha.


16.06.22

Sabíamos que das árvores sonâmbulas

Acordavam os gritos faminto da fome,

Empenhando a bandeira sem nome

Que todas as tardes, dormia junto ao rio.

 

Sabíamos que das tuas palavras

Se erguiam os corações de prata,

Pedaços de lata

E pequenas andorinhas da madrugada,

 

Enquanto lá fora, sem percebermos

Porque morriam os poemas amanhecer,

Havia sobre a mesa uma pequeníssima folha onde escrever,

Havia o grito da noite,

 

Sabíamos que das árvores sonâmbulas,

Algumas delas, envenenadas pelo silêncio da alvorada,

Descia das mangueiras uma manga cansada,

Uma manga enraivecida,

 

Porque dentro de nós,

Adivinhava-se a tempestade do feitiço, primitiva

Equação em desejo. Porque dentro de nós existia o sono

Travestido de tédio.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 16/06/2022


27.02.22

Silêncio no teu olhar

Menina das flores desenhadas,

Saudades do mar

E das palavras abraçadas.

 

Menina do meu luar,

Descendo a calçada,

Menina dos beijos de beijar,

Enquanto dorme a madrugada.

 

Silêncio no teu olhar

No poema adormecido,

Silêncio de amar,

 

Amar o verso encantado.

Menina do poema perdido,

Perdido no meu corpo envenenado.

 

 

Alijó, 27/02/2022

Francisco Luís Fontinha


11.02.22

Na máquina de escrever

Escrevo o teu nome

E desenho os teus lábios de cereja,

Pinto a tua boca

Com pinceis de desejo,

Escrevo o teu nome,

Desenho o teu beijo.

Na máquina de escrever,

Agradeço por pertenceres à minha sombra,

Quando ainda ontem,

Eu mergulhava na tela luar.

Na máquina de escrever,

 

Eu, sou o poema,

Sou a geada suspensa na madrugada,

Sou o verbo amar,

Quando a noite

Não tem medo a nada.

Na máquina de escrever,

Sou o poeta,

Ou outro gajo qualquer,

Sem identidade,

Sem nome,

Que caminha na tua mão,

Feliz por ser.

 

 

Feliz por ter,

Ter uma máquina de escrever.

Na máquina de escrever,

Dentro do velhinho teclado,

Há uma gota de amor

Dançando na insónia.

Na máquina de escrever,

Onde me sento e deito,

Como uma pedra selvagem…

Neste corpo em viagem,

Neste corpo que chora no teu peito.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 11/02/2022


22.01.22

Sem Título.jpg

O teu corpo;

A sebenta onde adormeço o poema cansado,

Onde deito os beijos desejados,

Entre o espaço abraçado,

Entre os versos envenenados.

 

O teu corpo;

Engraçado,

Equação sem nome

E que brinca no caderno quadriculado,

No cansaço sem fome,

 

Do cansaço aguentado.

O teu corpo desejado

Que caminha sobre o mar,

É o teu corpo argamassado,

Argamassado nos poemas de amar.

 

 

Alijó, 22/01/2022

Francisco Luís Fontinha


01.11.21

Tenho as flores do teu olhar,

Da saudade em construção,

Tenho rosas as rosas do mar,

As rosas do teu coração.

 

Tenho as flores dos teus lábios madrugada,

Quando em mim vive a liberdade,

Tenho as flores do teu olhar, teu olhar minha amada,

Minha amada de verdade.

 

Tenho em mim, a tua boca de beijar,

Tenho no meu jardim,

As flores de te amar,

 

Tenho em mim, o beijo desejado,

Das tuas mãos de cetim,

Às tuas mãos neste corpo cansado.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 1/11/2021

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