22.03.23
No esplendor da noite
Um fio de sémen
Poisa na sombra adormecida do meu esqueleto,
E da paixão dos pássaros,
Oiço os gritos de um Deus arrogante…
Distante dos rostos envenenados da solidão,
O rio,
Morre na minha mão…
Como morreram todos os rios,
Como se suicidaram todos os rios que conheci…
Todos,
Todos na minha mão,
Desenho no teu pincelado olhar
A tristeza que os dias transportam desde a montanha,
O sol, o sol esconde-se numa pequena caixa de sapatos,
E do corpo,
As pequenas lâminas da alegria…
Fogem em direcção ao mar,
Cai a máscara sobre o chão lamacento do silêncio,
Ouvem-se os gritos e gemidos da morte…
E da minha mão,
O enforcado rio em pedacinhos de sorriso…
Feliz;
Feliz porque deixou de sofrer…
E agora…
Brinca dentro de um cubo de vidro
Com janelas adormecidas
E olhos adormecidos…
Alijó, 22/03/2023
Francisco Luís Fontinha