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Francisco Luís Fontinha

Blog do poeta e artista plástico Francisco Luís Fontinha.

Francisco Luís Fontinha

Blog do poeta e artista plástico Francisco Luís Fontinha.


01.07.23

Conto as estrelas, são tantas, meu amor, são tantas as estrelas e cada uma com um desejo nos lábios, conto as estrelas e depois penso…, quantas estrelas tem o teu olhar,

Muitas, poucas, assim-assim, tanto me faz…

Conto as estrelas que brincam nesta misera folha em papel, conto o silêncio destas paredes, destes pequenos nadas que existem dentro de mim,

No fundo, sou um nada…

Um nada que escreve…

Versos ao nada.

Conto as estrelas da minha infância, conto as estrelas das primeiras paixões, conto as estrelas que existem nos teus lábios, tal como existem nos lábios das estrelas,

O desejo,

Conto as estrelas e perco-me no teu sorriso de perfume adormecido, embrulhado nas minhas palavras, quando das tuas lágrimas…

Acorda um pedacinho de sorriso.

Conto as estrelas da tua mão, conto as estrelas do teu cabelo, conto as estrelas…, as infinitas estrelas do perfume dos teus lábios.

Conto as estrelas que me afligem, mais as estrelas que não me desejam, e percebo que este pequeno nada, que sou, esconde-se dentro de uma pedra cinzenta, com olhos verdes, e cabelo pigmentado de beijos.

Conto as estrelas que há em mim, e sabes, meus amor…

Dou conta que em mim não existem estrelas.

Conto novamente as estrelas do silêncio e da solidão, abro a janele, fecho a janela…

E pergunto-me se estarei realmente…

Louco.

Conto as estrelas das amarras e do medo, conto as estrelas de todas as prisões invisíveis…, e de todas as flores comestíveis,

Conto as estrelas da paixão,

E dos pequenos e simples guardanapos de papel,

Conto as estrelas do meu fracasso…, e tantas, meu amor, tantas estrelas…

Onde posso escrever…

Quase anda.

Conto as estrelas destes livros espalhados pelo chão, que odeio, que me odeiam…, que se diga, meu amor, começo a ficar farto de livros e de livros dos livros…, com poemas, espalhados pelo chão…

Conto as estrelas de todas estas paixões e não paixões destes mesmos livros, e percebo,

Que tal como eu…

São apenas uns coitados,

Dos tristes coitadinhos.

Conto as estrelas… sei lá, meu amor…

Já nem sei o que são estrelas.

Conto as estrelas das minhas palavras, e deixei de ter palavras…, quanto mais estrelas…, conto as estrelas desta melodia que oiço, e perco-me nas estrelas do teu silêncio, antes que que acorde a manhã…, e me roube todas as estrelas da noite.

Se eu fosse um louco, um pequeno louco de nada, um triste louco, um louco…, de louco, queria ser uma estrela, na estrela do teu olhar.

 

 

01/07/2023


27.06.23

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Com quinze ou dezasseis anos comecei a consultar o “Tractatus Logico-Philophicus” de Ludwig Wittgenstein, o que eu procurava, ainda hoje não o sei, sei que passava noites quase abraçado a esse tratado sobre tudo, e nada do que eu precisava tinha.

Também, como referi à pouco, ainda hoje não sei o que procurava.

Consultava “Amor” e quase que levava com uma resma de equações matemáticas, de tratados e almas mortas de Gogol, e se é para ir para a fogueira, vamos então todos…

Também ainda não sei quem são e quantos são; alguns,

Tal como parte do manuscrito de “Almas Mortas” …

A minha mãe,

Fernando… marca uma consulta ao nosso filho, olha que ele não anda bem…

E claro que sim,

E depois de milhares de cartas escritas pelo Senhor Fernando António Nogueira para a sua grande amada,

A doce Ophelinha…

Não interessa…, deixei de receber cartas.

Quanto a mim, prefiro o Senhor Álvaro de Campos…, a tabacaria, a pequena dos chocolates, o Esteves…

Coitado do Esteves…, onde andará ele!

Deu-me trabalho, mas consegui convencer a minha mãe, que aquele calhamaço não era perigoso, e quase era irmão gémeo da Bíblia que ela tinha em cima da mesa,

Olhou-me,

Franziu o sobrolho,

Apelidou-me de Francisco…

E eu,

Já estou fodido; vou apanhar nos cornos.

A coisa passou, e eu todas as noites à procura no “Tractatus Logico-Philophicus” de qualquer coisa…,

E sabes, meu amor,

O senhor Álvaro de Campos tem algo de misterioso, não sei…

Tal como o que procurava naquele livro,

Nada.

Os anos passaram, ele acompanhou-me quase sempre, até quando fiz o serviço militar na Calçada da Ajuda,

Que de ajuda,

Nada,

Como aquilo que eu procurava.

Talvez procurasse um pássaro, talvez procurasse a insónia de uma pequena estrela de silêncio…,

E ainda não encontrei neste “Tractatus Logico-Philophicus” nada sobre Alhetas, que o calor que entra mais o calor gerado é igual ao calor que sai mais o calor acumulado…

E eu, meu amor,

De tanto calor…

Já nem sei se hoje é segunda-feira ou se amanhã é quinta-feira…, no entanto, recordo todas as palavras do Senhor Álvaro de Campos, e eu, de Tabacaria em Tabacaria, que deixei de comer chocolates para não ganhar peso, lá está ele,

O Esteves,

Coitado do Esteves,

E, no entanto, pareço o Esteves, à procura de um cigarro e que o vento me leve,

A minha mãe…

Estás bem, meu filho?

Já conversamos, quando eu regressar da lua...

Desenhava um abraço no meu rosto, e ficávamos horas a conversar sobre coisas; ela, que Deus era/é um ser maravilhoso, que ia sempre proteger-me de tudo e de todos…, coisa assim e coisa assado, e eu, eu perdia sempre porque não conseguia explicar o que existia antes da grande explosão na teoria do Big Bang, dava-lhe um beijo, e ia até à galáxia mais próxima.

Às vezes penso, e se tudo isto não existir.

E formas apenas um pedacinho de sono, em pequenos círculos…, na ponta de um elástico…, nas mãos de Deus?

Enquanto isso, ele…

Consulta o “Tractatus Logico-Philophicus” …

O Senhor Mário de Sá-Carneiro dispara o revolver na sua própria cabeça,

Aos vinte e seis anos…

Apetecia-me pedir ao Pacheco algumas das suas Pachecadas, e ir por aí…

Ir por aí a declamar os poemas de AL Berto.

E sabes, mãe…!

Está tudo no “Tractatus Logico-Philophicus”, de Ludwig Wittgenstein.

 

 

 

 

 

27/06/2023


10.06.23

20230610_213919.jpg

Vou por aí, andando e pensando, quando me dizem que não devia pensar, porque um tolo não pensa, porque quem pensa, é um tolo pensante…

Vou, vou andando e por aí… ao som de Black Magic Women,

Vou por aí, andando e pensando, pensando e voando… e enquanto voo, eu penso, penso que se não existisse a gravidade, que se diga, não era grave, no entanto, eu penso,

Que não precisava de asas para voar, não, nada disso, penso que…

Em tanta coisa que penso,

Mas penso.

E que sim, que avencem as tropas de Santarém em direcção ao Terreiro do Paço,

Sentava-me e pensava, e contava todos os cacilheiros que invadiam os meus olhos, meu Deus, eram tantos e tantas…

Para a frente,

E para trás,

Uns eram cegos, outros eram lindos… e outras,

Outras pareciam uma pequena bolha numa mísera folha de alumio, no entanto, muito depois, o AL, perceba-se, símbolo químico do alumínio, em criança…

Sabíamos na ponta da língua qual era o símbolo químico da navalha,

K2ou3,

As tropas de Santarém estão a fazer a aproximação ao Terreiro do paço, e eu, e eu aqui sentado em frente ao Terreiro do Paço, como se fosse uma criança com cabelos compridos e loiros…

Nada de bom tenho, pensava, do pouco que me sobeja, não me sinto… digamos, discriminado,

Tenho mais sonhos sonhados do que a maioria de todos estes cacilheiros, e mesmo assim, querem que eu seja…

Deus.

Raio.

E se Deus quiser, um dia, qualquer dia, tanto me faz… o dia, desde que seja de noite, com luar, sem luar…

As tropas começam a desenhar sorrisos nos lábios da noite, eu tinha ficado por aquelas bandas, talvez tivesse adormecido num qualquer banco de jardim, não seria a primeira vez,

E a bolha, como os cacilheiros, dançava nas mãos de uma criança, que não gostava que as acácias chorassem,

Mas elas, teimosamente,

Choravam.

Vou por aí, andando e pensando, quando me dizem que não devia pensar, porque um tolo não pensa, porque quem pensa, é um tolo pensante…

E tanto as tropas como eu, estávamos a cagarmo-nos para o tolo, se pensava ou não pensava, se fodia ou não fodia, e a maior parte das vezes, era fodido,

Escrevia cartas durante a noite, para a noite. Eles e elas e os cacilheiros…

Indiferentes que eu tivesse dormido num banco de jardim.

Erguia-me, olhava-me no espelho da manhã, desenhava com um lápis de cor um pequeno sorriso na mão, e voava…

Quando nos teus braços, já as tropas de Santarém colocavam as algemas nos teus lábios,

Um baixote, muito baixo e muito gordo, que agora é proibido de dizer e de escrever,

Mas claro, eles querem que eu me foda, e claro também, eu, eu quero que eles se fodam,

Nomeadamente quando esse mesmo baixinho e gordo das tropas de Santarém informa a madrugada,

Alô, comando territorial do sono,

Lisboa é nossa.

Bravo, bravo…

Que sim. Que felizes eles estavam…

E eu, dormia num banco de um qualquer jardim da cidade dos sonhos.

Abraçava o Tejo, o Tejo abraçava-me, e sabíamos que numa qualquer manhã daquela Primavera… morreria a insónia.

Por aqui, cacilheiro número três mil e oitocentos, calça quarenta e quatro,

E na boca,

Na boca esconde um pedaço de sargaço.

Somos muitos, ouvia-os, e mesmo assim, não aconteceu nada…

Vou por aí, outras vezes por aqui, e de tolo em tolo, tínhamos tomado a cidade dos sonhos e toda a cidade era apenas nossa,

Não acreditava em janelas, não acredito em Deus,

E às vezes, converso com Deus…

E que não devia pensar, e que sou um tolo pensante, penso,

Penso como apareceu toda a matéria do Universo, toda ela concentrada num pequeno espaço como o da cabeça de um alfinete, e claro, eu acredito…

Eu acredito.

No entanto, o tolo que pensa, pensa

Quem colocou toda a matéria do Universo dentro daquele pequenino espaço do tamanho do da cabeça de um alfinete?

Claro que não foi Deus, porque naquela altura, certamente

Andaria muito ocupado.

Mas penso.

E admitindo que numa qualquer tarde, enquanto Deus se deliciava com o seu cigarro, ele, ele resolvesse colocar nesse mesmo pequenino espaço do tamanho do da cabeça de um alfinete,

Toda a matéria,

Será?

E toda a matéria, de onde veio?

Das mãos das tropas de Santarém que agora mesmo tomaram Lisboa aos cacilheiros,

Que porra.

O alfinete de tanto esperar, dizem que Deus é tão perfeito e ao mesmo tempo,

Muito vagaroso,

Diferente

De preguiçoso,

O desgraçado do alfinete, espirrou… um grande espirro…

E voilà,

E definitivamente

É criado o Universo,

Há bebidas grátis, há porco no espeto…

Claro que as coisas menores,

Aos poucos,

Foram crescendo no arvoredo da tarde.

Por aqui, por aí,

Os tolos que pensam, são os mesmos tolos que Deus enviou para Marte.

E até hoje,

Ainda não regressaram, nem regressarão mais.

Para concluir, senhor professor, diria que toda a matéria que existe no Universo veio do nada,

Portanto,

Do nada,

Um pouco de anda,

Poderá nascer tudo,

Acredita nisso, Francisco?

Acredito, professor, acredito…

E há quem duvida de toda a beleza criada por Deus…

E há quem duvide da existência de Deus.

 

 

 

 

Francisco Luís

Terreiro Paço, 10/06/1013

(ficção)


03.06.23

Com este pedaço de carvão desenho nesta folha em papel que a vida me deixou, o poema que habita dentro de mim, não

Não são as equações dos momentos nem tão pouco as equações das tensões, aos poucos, de pequenos riscos, como gotinhas de água em direcção ao mar, crescem e nascem coisas, coisas minhas, coisas que me pertencem…, coisas que andam comigo.

Com este pedaço de cartão, enquanto a música dos Rolling Stones se masturba contra esta pilha de livros sobre mecânica estrutural e vigas e janelas viras para o mar,

Abro-a,

Abro a janela e…

E nada,

O mar não está lá.

E comprei-a como se dela visse o mar…

Mas não vejo,

Vigaristas.

Com este pedaço de carvão, desenho o mar, desenho o mar onde se escondem as estrelas, do mar onde vejo o meu cadáver a ler os poemas de AL Berto, do mar, daquele mar onde escondi o pedacinho de carvão, que sobejou do teu corpo,

Neste pedaço de papel, sem perceber que lá fora morrem crianças, morrem os pais das crianças, morrem as palavras e morrem as estrelas,

Do nada,

Até à glória,

E diziam que morreria cedo, tal e coisas, tal e nada,

Um pequeno sorriso,

Acorda,

Nesta pequena folha em papel,

E deste sorriso,

O silêncio em forma de geada,

Encolhido na minha mão…

Com este pedaço de carvão escrevo a madrugada, o poema invisível dos teus olhos de chuva domingueira, e mesmo sabendo que esta merda vai colapsar,

Acredito,

Muito,

Que um dia,

Qualquer dia,

O vento me abraçará como abraçou a Primavera, neste pedaço de carvão, desta folha triste e só, da noite às lágrimas,

E em poucos segundos,

Chão, a menina viga aleijou-se?

Não, sou parvalhão…

Claro que não.

E escrevo, e desenho, e penso…

 

 

 

 

Francisco

03/06/2023


02.06.23

20230602_191804.jpg

Quis Deus e o destino e o Diabo que eu tivesse assentado praça na Ajuda, que nada ajuda, e que quando ajudava, não ajudava nada.

Depois de ter sido expulso de vários quarteis, desde o Bairro Alto a Cais do Sodré, passando por Alcântara Mar,

Fui cair…

Na Ajuda,

E da ajuda,

Quis Deus e o Destino e o Diabo…

Que da ajuda,

À Ajuda,

E logo que olhava o primeiro cacilheiro da manhã,

Zás,

Tombava no pavimento sonolento das sombras da noite anterior, depois, depois…

Nada.

Quem vem lá faz alto,

Disparava dois tiros de sono, um pirolito…

E zás,

Mais um dia, mais uma noite, mais uma Primavera e mais um Verão que era mais teimoso que a prima da prima da Primavera,

Baixava a cabeça, peganhava na minha mão…

E ao longe o Tejo em aflitivos gemidos.

Quis Deus e o Destino e o Diabo e o raio que o parta…

Que eu assentasse praça na Ajuda,

Sem ajuda,

Que apenas o Tejo me compreendia.

Inventava doenças aos meus pais, um dos meus irmãos estava sempre com problemas,

Coitado dele,

Coitado

Tinha tantos problemas que nunca saiu dos testículos do meu pai,

Tudo servia de desculpa para regressar a casa. Um dia, qualquer dia junto ao Tejo, convenci uma amiga para ir falar com o meu chefe e dizer-lhe que era a minha namorada e que estava grávida e que não sabia como fazer e que eu estava mortinho para regressar a casa…

O chefe comoveu-se, trouxe quinze dias.

Quando disse em casa que ia ficar quinze dias,

Quinze dias, porquê?

Porque a minha mãe achava normal…

E claro, que iam ser avós e que já não iam,

Não perceberam,

Eu também não,

Mas…

Ajuda, da Calçada, quando os parêntesis do sono se abraçavam a nós, e nós e eles e elas e eles todos…

Nada,

Ninguém percebia, porquê.

Durante a noite desenhava círculos nos cornos da lua, depois,

Depois,

Nada,

Depois aparecia o coveiro, pegava em nós e sepultava-nos junto a um cacilheiro, já muito velhinho, já muito trôpego, já muito…

Caia a noite sobre a alvorada, a espingarda começava a disparar fotografias de antigamente…

E depois,

Depois nada.

 

 

 

Francisco

02/06/2023

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