24.09.22
Vive-se,
Enquanto este pequeno instante voa sobre o mar,
Enquanto esta velha flor
Brinca nos jardins da solidão,
E no meu peito
Oiço os longínquos apitos dos petroleiros em sofrimento,
Vive-se,
Enquanto se respiram as palavras que a madrugada vomita
Contra o silêncio dos pássaros,
Vive-se acreditando no Outono,
Nas fotografias suspensas sobre a mesa-de-cabeceira,
Vive-se,
Como pedras alicerçadas às marés do inferno,
Enquanto um banco de jardim, dorme,
Sonha com as amendoeiras em flor…
Também ele vivendo
No sonho da serpente,
Vive-se neste labirinto de mágoas
Transversais ao desejo,
Depois…
Acordam em mim,
Pela manhã….
As canções em revolta,
E um grito se dissipa no luar.
Alijó, 24/09/2022
Francisco Luís Fontinha