17.01.23
Há-de regressar a metástase do silêncio
Ao teu corpo desengonçado
Enquanto este rio de sangue
Corre para as umbreiras do amanhecer,
Há-de regressar deste rio sangrento
A fome e a peste
A solidão
E as amendoeiras em flor,
Há-de regressar a metástase do silêncio
Da fina flor desenhada
Deste pobre corpo
O corpo dependurado na manhã,
Há-de regressar
Regressar às sonâmbulas madrugadas
O sorriso suspenso nos teus olhos
Quando das metástases do silêncio
Este corpo
Corpo que dizem que me pertence
Que não acredito
Porque já nada me pertence
Se alegra na noite de mim.
Alijó, 17/01/2023
Francisco Luís Fontinha