02.12.21
Dentro do sono,
Viaja a cansada noite sem despertador,
- há dias que não como,
Como uma flor.
Vive-se e morre-se de quê?
Não comendo flor,
Não bebendo água congelada,
Morrer-se porquê?
Sabendo que na triste madrugada,
Em plena união,
Habita uma flor,
Uma flor sem coração.
Dentro do sono amanhecer,
Quando alguém sem nome
Abre a cancela da alvorada;
É o poeta que não consegue escrever,
Escrever no papel da fome,
A fome envenenada.
E depois de morrer,
O desgraçado do poeta vagabundo
Deixou sob a ponte,
Um pedacinho de geada.
Não consegue correr,
Correr até ao cimo do monte,
Sentar-se e olhar a imensidão do mundo,
Do mundo que é uma maçada.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 02/12/2021