27.10.19
Abstenho-me de sonhar.
Sinto no corpo o cansaço das armas proibidas.
Abstenho-me de sonhar,
Desenhar,
Escrever no sonho a madrugada de amar.
Pintar.
Mar.
Abstenho-me de sonhar.
O poeta das noites perdidas.
O astronauta das tardes prometidas,
Junto à ribeira,
Lá longe,
O apito do comboio em suicídio…
Apetece-me partir.
Fugir.
Escrever no teu olhar
As tardes passadas na eira.
Sem fronteira,
Caminho velozmente contra o vento,
Alguém, alguém mente,
E sofre,
As dores do sofrimento.
Abstenho-me de sonhar.
Escrever,
Desenhar.
Abstenho-me de pintar,
Quando uma gaivota poisa no teu silenciar….
E pela madrugada,
Sem o saberes, sem o quereres,
Uma nuvem começa a chorar.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
27/10/2019