16.04.22
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16.04.22
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16.04.22
Quando percebes que em cada pedacinho de silêncio
Habita uma imagem de saudade.
Que em cada movimento do bater de asas de um pássaro
Existe um rio em pequenos círculos
Às voltas de uma montanha.
Quando percebes que o som das sombras e cheiros
São na verdade o prazer de estar vivo.
E quando o Vale do tua e seu rio
Se alicerçam ao teu peito,
Isso é, felicidade.
Isso é poesia.
Isso é… tudo.
Alijó, 16/04/2022
Francisco Luís Fontinha
16.04.22
13.04.22
28.08.21
Tenho dias.
Todos os dias
Todas as horas
Todas as manhãs,
Onde moras,
Habitas,
Descansas
E dormes.
O amor.
As palavras
Nos livros da paixão
Do corpo
Na mão
Do silêncio
Que vive neste mar;
Os olhos descansam
Nas montanhas sem ninguém
Debaixo
Acima
Entre linhas
O desejo.
Amar
As nuvens do teu sorriso
Numa imagem
Sem juízo
A ira
O grito
Às gaivotas dos teus seios;
Nenhum pássaro
Estúpido
Se deita em ti,
Como assim?
Em ti,
Planície congelada
Do corpo que jaz na minha mão
Ao de leve
Levemente
Entre nós.
Um copo.
Quase ninguém presente
Ausente
De mim
Neste esconderijo branco.
O nojo.
A morte em forma de nojo.
O amor de ti
Em mim
Nesta gaivota sem nome;
Ontem
Uma criança
Hoje
Um livro de poesia.
Assim
Serei
Não sei
Talvez o número de polícia mais estranho do meu bairro.
Sobre as pálpebras
As imagens de quatro cantos
Numa tigela
A sopa dorme
E suicida-se
Contra a colher da saudade.
Depois.
Vem a noite
Atira-se para cima da cama,
Pronto
Sempre
Nesta casa de ninguém.
A janela
À janela
Há janela;
Todas.
Em minha casa.
Sempre
Que há o amor.
Desejar
Não desejar
Que um dia deseje a morte;
E no entanto
Não me canso
Nem durmo
Sempre que a tua boca absorve o meu corpo.
Caso contrário
Limito-me a escrever
Em ti
As palavras de amar.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 28/08/2021
15.02.21
02.01.21
Quando a cidade se despede do pó e,
Uma nuvem de silêncio acorda no Vale do Tua,
A cidade morre; como morreram todas as pedras da cidade.
A terra adormece na insónia sombra da manhã,
O rio corre entre rochas e suspiros,
Como dois amantes,
Antes de nascer o Sol.
Ai senhores, tão nobre beleza!
Deitar-me enroscado ao cobertor de cinzas,
Da poeira morna do meu velho cigarro,
Erguer-me e, lentamente, aconchegar o meu estômago ao pobre silêncio granítico da alma.
A mesma cidade de há pouco,
Despenteada, de barba enrugada, caminha lentamente nas margens do Tua,
A alma veste o veneno mais belo da montanha,
Como uma criança,
Deitada na esperança.
Sonha o homem,
Sonha a mulher,
Sonham todos os pássaros do Ujo…
Até que um relógio de sombra,
Se senta na minha mão.
A invisível parede de vidro,
O fumo agreste do néon silêncio,
O barco em papel, o poema escrito no barco em papel…
Como todas as palavras das margens deste rio.
Oh Tua!
Mensagens cíclicas em nome de Deus,
Beleza do teu prazer,
Quando a cidade se despede do pó e, todos os Céus –
São motivos para escrever.
Francisco Luís Fontinha, Alijó – 02/01/2021
03.12.20
Às cinco menos um quarto
O teu corpo coberto de poeira
Nos teus lábios, a doce madrugada quer acordar,
Na tua boca, as palavras de luz
Que habitam nos meus olhos.
Às cinco menos um quarto
Um relógio de sono
Quase a desmaiar,
Será fome? Ou apenas manha do dono…
E, dos pássaros às árvores
Enquanto flor nocturna,
Desce sobre ti a triste madrugada,
Em Dezembro estás,
Em Janeiro ficarás nesta aldeia das quatro esquinas de luz,
E contra os rochedos,
As lâmpadas do poema em cio.
Às cinco menos um quarto
A minha mão nos teus seios,
As ditas palavras de ontem,
Tristes,
Vergadas pelo peso do sono,
Em Janeiro acordarás,
Deste azarado Dezembro.
O jantar está óptimo,
Como sempre,
Como todas as palavras,
E, bebo todas as equações do desejo.
Sou eu, não te recordas da minha mão?
Quando ontem
Às cinco menos um quarto
Na tua boca
A minha boca
Adormeceu
Cansada
Viva
Mais feliz pelas palavras comidas
E, de todas as equações sofridas,
Toca o telefone,
Era ela
E, às cinco menos um quarto
Um quarto
Uma janela
E, um sorriso de mar.
Francisco Luís Fontinha, Alijó/03/12/2020
03.09.20
Dos olhos cansados,
O velhinho poema esquecido na tua boca.
Traz as amargas palavras,
Este poeta dos olhos cansados.
Quando regressa a noite,
Acorda o girassol envenenado pelo desejo
E, o amor floresce na alvorada.
O beijo evapora-se nos teus seios,
As bocas famintas se alicerçam na noite,
Quando o silêncio vai em busca de uma jangada
E, sei que as tuas mãos semeiam as minhas palavras
Na terra bloqueada pela solidão.
Hoje, o poema é a verdadeira razão de te amar,
Acariciar o teu cabelo
Como quem colhe as flores do deserto.
Dos olhos cansados,
A clareira dorme no teu peito,
Ama-a,
Como quem ama a vida.
Peço-lhe que me dê as palavras que sobejaram dos alicerces nocturnos
Que abundam na cidade perdida.
Hoje, não há poema que me valha…
Porque o amor é fodido
E, a paixão,
Um simples rochedo de carne.
Francisco Luís Fontinha, 03/09/2020
27.04.20
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