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Francisco Luís Fontinha

Blog do poeta e artista plástico Francisco Luís Fontinha.

Francisco Luís Fontinha

Blog do poeta e artista plástico Francisco Luís Fontinha.


24.02.20

Acordava do sono emagrecido,

O homem da nuvem embriagada,

Cansado,

Perdido,

E, reclamava,

E, gritava,

A palavra enfeitiçada.

E, hoje, nas camufladas ruas da cidade esquecida,

Embrenhado na poesia, a canção do adormecido,

O homem, cansado, denegrido,

Escreve sem ânimo,

Desiludido…

Dos alicerces envergonhados.

Rezam pela sua alma,

Coitado,

Sem nome,

Degolado pela tempestade,

O homem, o mesmo homem, o cansado,

Pegas nas palavras da reza em seu poder,

Desorganiza-se,

Veste-se de negro,

Negro, negrito, negrinho,

Como o gato do vizinho,

Dançando na eira das espigas adormecidas.

As sombras do silêncio,

A alvorada da sinfonia que jaz na ribeira,

O rio, em delírio,

O rio, desconectado da vida,

E, corre,

E, dorme,

Nas almas do mar.

O mar tudo engole, e, tudo mastiga,

Pessoas, lixo, palavras, o vento…

Uma laranja, sofre,

E, vive,

E, morre,

Dentro da laranja adormecida.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

24/02/2020


27.10.19

Abstenho-me de sonhar.

Sinto no corpo o cansaço das armas proibidas.

Abstenho-me de sonhar,

Desenhar,

Escrever no sonho a madrugada de amar.

Pintar.

Mar.

Abstenho-me de sonhar.

O poeta das noites perdidas.

O astronauta das tardes prometidas,

Junto à ribeira,

Lá longe,

O apito do comboio em suicídio…

Apetece-me partir.

Fugir.

Escrever no teu olhar

As tardes passadas na eira.

Sem fronteira,

Caminho velozmente contra o vento,

Alguém, alguém mente,

E sofre,

As dores do sofrimento.

Abstenho-me de sonhar.

Escrever,

Desenhar.

Abstenho-me de pintar,

Quando uma gaivota poisa no teu silenciar….

E pela madrugada,

Sem o saberes, sem o quereres,

Uma nuvem começa a chorar.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

27/10/2019


16.06.17

Uma nuvem sulfúrica poisa no teu silenciado sorriso,

Agacho-me sobre a terra prometida…

Mas não tenho jeito para a aprisionar na minha mão,

Minutos depois, palavras muitas, perco o juízo,

Pego na luz magoada que ficou em ti esquecida,

À porta de entrada do meu coração,

 

As aventuras na eira

Enquanto cai a noite sobre o espigueiro,

Livros perdidos dentro de um mealheiro…

Para serem vendidos na feira,

 

A casa é pobre, pequena… e aconchegante,

O quintal recheado de poemas envenenados pela charrua,

O meu corpo embebido em clorofórmio vomitando sinalização de rua…

Que o luar se torna brilhante,

 

E a lua,

É tua.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 16 de Junho de 2017

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