Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

francisco luís fontinha

Nunca vi o mar, A minha mãe sonâmbula nas noites de cacimbo desenhava o mar no teto da alcofa, um círculo com olhos verdes e sorrisos e cheiros que aprendi a distinguir antes de adormecer, e eu, e eu... francisco luís fontinha.

francisco luís fontinha

Nunca vi o mar, A minha mãe sonâmbula nas noites de cacimbo desenhava o mar no teto da alcofa, um círculo com olhos verdes e sorrisos e cheiros que aprendi a distinguir antes de adormecer, e eu, e eu... francisco luís fontinha.


08.05.23

Escondo-me na tua mão de oiro amanhecer,

Enquanto lá fora, uma pequena réstia de sono foge de mim.

Procuro nos teus lábios o teu doce olhar,

Sabendo que a chuva brevemente poisará no teu cabelo.

Escondo-me na tua mão…

Ao primeiro beijo da manhã,

Quando o Deus criador liga o interruptor da paixão,

E eu, olho-te incessantemente no espelho da madrugada,

Do silêncio que me abraça, ao silêncio que me deseja…

O meu esconderijo.

 

Escrevo-te enquanto ainda tenho forças para o fazer,

Não porque esteja cansado, ou doente, ou coisa alguma…

Mas vou-te escrevendo parvoíces,

Vou pincelando numa tela fria e nua…

Outras tantas parvoíces;

Diria que sou um parvo,

Um parvo que escreve parvoíces,

Um pequeno parvo que pincela numa tela fria e nua…

Parvoíces.

Eu, o eterno parvo das noites de insónia.

 

 

 

 

Alijó, 08/05/2023

Francisco Luís Fontinha


29.11.19

A fome de pensar.

O sorriso loucamente apaixonado pelo silêncio.

Os cigarros embriagados,

Loucos,

Descendo as escadas da doença.

A liberdade.

Quando se apaga a madrugada em ti.

Canso-me das palavras de escrever,

Dos sonhos,

E dos livros de morrer.

A insónia deitada na cadeira da preguiça.

As camufladas lâmpadas de néon suspensas nos teus seios de alumínio…

Quando lá fora, a tempestade de desejos, dorme nos meus braços.

A fome de correr.

Saltar.

Brincar…

Na tua boca de sofrer.

A fome de vencer.

O medo de morrer…

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

29/11/2019


05.05.19

A sombra dos teus lábios,

Suspensa no silêncio da noite.

Desenho a madrugada,

No teu corpo de escrever,

Escrevo palavras,

Silêncios de sofrer.

Em cio todos os pássaros,

Todas as abelhas,

No telhado da aldeia,

A sombra dos teus lábios,

Brincando na eira,

Escrevo palavras,

Parvas,

No teu corpo alvorada,

Desisto,

A melancolia,

Um dia,

Morta na calçada.

A sombra dos teus lábios,

Que a noite vê crescer,

É luar,

É mar,

É poema de sofrer…

A sombra dos teus lábios,

Os pinceis da revolta,

O jardim envergonhado,

Sem escolta,

Descendo a calçada,

O sem-abrigo desgraçado,

De livro na mão…

Deita-se no chão,

Dorme tranquilamente como uma pomba…

Engana a fome com o poema,

Bebe todas as sílabas do poema…

E morre.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

5/05/2019


01.04.19

Tenho palavras na algibeira,

São tantas,

Que parecem os peixes voando debaixo do mar,

Por medo,

Por vergonha,

Estas palavras, as minhas palavras,

Nunca chegarão a ti,

Como a chuva invisível,

Que cai sobre o teu cabelo,

E, ele, sempre seco,

Esbelto como as estrelas.

Estas palavras adivinham, morte,

Tempestades,

E tormentas…

Que só o meu veleiro sabe desbravar,

Como uma floresta doente,

Como os pássaros, também eles, recheados de palavras…

Mas…

São palavras que nunca te vou escrever,

Podia dizer-te que és um amor,

Um bombom,

Ou o luar quando a noite se vai banhar no Oceano…

 

Tenho palavras na algibeira…

Que não me servem de nada,

De palavras está a cidade infestada,

Como ratos,

Sem-abrigo,

Ou eu, um falido comerciante de palavras.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

01/04/2019


29.03.19

Não posso, desisto.

Não posso, finjo, caminhar em tua direcção,

Descalço,

Não posso,

Fingir que te amo.

Se te amasse, amava-te,

Se te escreve, escrevia-te,

Mas, não, não posso,

Fingir,

Escrever,

Se pudesse, lia-te, todas as palavras começadas por A…

Não posso,

Fingir,

Que te lia todas as palavras começadas por A.

Amar.

Começar,

Caminhar,

Não posso.

Fingir.

Que sou o mar.

Lanço no poço da saudade o beijo desenhado,

Na alvorada,

Na eira,

O beijo embalsamado,

Fingido,

Doente,

Caminhando, caminhar,

O fogo do prazer,

Quando o teu corpo adormece,

Arde,

Tudo arde,

Mesmo o entardecer.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

29/03/2019

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2015
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2014
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2013
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2012
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2011
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub