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Francisco Luís Fontinha

Blog do poeta e artista plástico Francisco Luís Fontinha.

Francisco Luís Fontinha

Blog do poeta e artista plástico Francisco Luís Fontinha.


02.10.22

Estes dias, entre dias, estes dias

Onde nascem flores nas paredes nocturnas do luar,

Destes dias,

Onde brincam palavras

Nas paredes nocturnas do luar,

Aos dias que deixaram de ser dias; adeus e um forte abraço.

 

Até amanhã. Noutros dias

Onde voam as flores nas paredes nocturnas do luar…

Erguem-se na alvorada

As simples imagens do prazer,

Há um finito gemido,

Enquanto estes dias, trazem entre dias…

 

Outros dias.

E entre dias e aqueles dias

Há um dia, aquele dia triste

Onde deixaram de ser dias…

As palavras dos dias;

(a gasolina volta a subir)

 

Estes dias, que já foram dias,

Vivem dias de amargura, porque os outros dias

Ainda não são os verdadeiros dias…

E das palavras dos dias

Outros dias,

Outros dias de merda.

 

 

 

Alijó, 2/10/2022

Francisco Luís Fontinha


15.05.15

Fujo de ti,

Transformo-me em cinza

Ao anoitecer

Sem perceber

Que na minha mão

Morre,

Um cigarro,

A arder,

Fujo de ti

E sei que da noite apenas regressam as sombras

E o cheiro do capim,

Entre sílabas e imagens,

 

Entre barcos

E

E náufragos sem identidade,

Ignoro-me

E fujo,

Como fogem os lírios em cada pôr-do-sol,

Como fogem os corações em cada solstício,

Perdi-me,

 

E fujo.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 15 de Maio de 2015


08.12.14

Não sabia que o teu nome

era apenas um nome

uma solitária palavra

sem alma

sem coração

sem... sem barcos ao anoitecer,

 

não sabia que o teu nome

era apenas um nome

sem corpo

sem sombra...

 

não sabia que o teu nome

era apenas um silêncio

sem imagens

sons

ou... ou fotografias

em constante mutação,

 

não sabia

não sabia que o teu nome

era apenas uma assombração

uma cidade esquelética voando no pôr-do-sol,

 

(Não sabia que o teu nome

era apenas um nome

uma solitária palavra)

 

como as pálpebras do poema antes de ser o poema,

 

não sabia que o teu nome

era apenas um nome

um soluço mastigado nas sílabas do Diabo...

não sabia

que... que o teu nome

é como a areia húmida

e o mar apaga todos os seus desenhos

como a morte... apaga todos os seus corpos...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 8 de Dezembro de 2014


02.03.14

foto de: A&M ART and Photos

 

Perdi o teu olhar na penumbra seara de trigo,

tínhamos descoberto o silêncios dos rios que dormiam nas nossas veias,

perdi o teu olhar das palavras por escrever,

e sentia em ti o desejo de partires,

à janela apareciam as imagens que tínhamos deixado do outro lado do muro,

havia um fino sorriso de melancolia e as tuas mãos tremiam como tremia a tua voz de centeio,

perdi o teu olhar,

e da penumbra seara de trigo apenas sobejaram as flores envenenadas dos beijos adormecidos,

Descemos a montanha,

dormíamos nas almofadas clarabóias das rochas graníticas,

líamos as estrelas junto ao cais das laranjeiras, e... e sentíamos o florescer da manhã com rosas,

sobre nós um papagaio de papel lançava pequenos grãos de areia e alguns favos de mel...

as abelhas descoloridas morriam,

como nós, hoje,

cadáveres de gesso suspensos nas amoreiras,

e havia sempre uma criança em ti que me fazia sonhar...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 2 de Março de 2014


08.10.13

foto de: A&M ART and Photos

 

não sei como és

não percebo das tuas sombras a neblina das rosas ao amor

não entendo a tua presença nas andorinhas em flor

não o sei

como és

ou... se o és

também

tu

uma flor

não sei como és

nuvem

ou simples pedaço de xisto

 

não como és

não percebo o porquê dos teus sete pecados mortais

das avenidas embainhadas

nas madrugadas

como és

ou se... és o que eu acredito que o sejas

uma gaivota disfarçada de veleiro

muitas fotografias esquecidas nos jornais

e no entanto

não sabendo como és...

acredito nos espelhos com abraços em aço Janeiro

não como o és

 

mas... seres o vento

uma janela mal fechada

um pérfido edifício em ruínas

como tu

eu

o és...

somos esqueletos vagabundos mergulhados no mosto cerâmico da paixão

mas... seres o vento

o amanhecer construído por jangadas de vidro

montanhas encarnadas

ribeiras

feiticeiras

 

ou... simples palavras

adornadas nas esquinas prateadas

não sei

como

o

és

não percebo as acácias em flor

os julgamentos complexos por aviadores com capacetes de cartão

escrituras

letras e letras e uma mão sobre o teu rosto envenenado pela insónia

não sei como és

não percebo das tuas sombras a neblina das rosas ao amor

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 8 de Outubro de 2013

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