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francisco luís fontinha

Nunca vi o mar, A minha mãe sonâmbula nas noites de cacimbo desenhava o mar no teto da alcofa, um círculo com olhos verdes e sorrisos e cheiros que aprendi a distinguir antes de adormecer, e eu, e eu... francisco luís fontinha.

francisco luís fontinha

Nunca vi o mar, A minha mãe sonâmbula nas noites de cacimbo desenhava o mar no teto da alcofa, um círculo com olhos verdes e sorrisos e cheiros que aprendi a distinguir antes de adormecer, e eu, e eu... francisco luís fontinha.


13.01.23

Uma certa noite, Deus percebeu que não tinha mais nada para fazer, meteu as mãos na algibeira e pensou,

Que faço agora?

Pensou, pensou, pensou…

E de tanto pensar, resolveu criar o homem (Adão).

Não contente com a sua criação, começou a caminhar em pequenos círculos às voltas de uma fogueira e pensou…

Isto não me agrada nada, mesmo nada.

Até que teve a brilhante ideia de criar a mulher (Eva), e depois a vagina.

Adão olha a mulher, olha a vagina, ficou um pouco acabrunhado e em cortinados de timidez porque era a primeira vez que via algo de tão belo, e pergunta a Deus,

Meu Deus, elas são tão belas.

Deus olho-o e responde-lhe

Sim, sim, elas são muito belas, mas agora tens de trabalhar, vês aquela pedra, ao lado da nespereira que mesmo à pouco criei?

Sim, meu Deus, vejo.

Vais até lá, sentas-te sobre a pedra e com a maquineta das fotocópias vais ficar a noite toda a fotocopiar a mulher (Eva) e a vagina.

Adão dirigiu-se até ao pedregulho, sentou-se, puxou de um cigarro, ligou à corrente eléctrica a maquineta das fotocópias e vai nisso,

Toca a fotocopiar vaginas.

Concluindo ao romper da manhã que todas as vaginas eram iguais, e que a única diferença estava nas vaginas cerebrais, estas sim, diferentes de corpo para corpo, subiu o talude e deitou-se junto a Eva.

(é sempre bom relembrar que o autor deste texto adora a mulher, a vagina, mas entre as duas vaginas, às vezes, a vagina cerebral é aquela que nos dá mais prazer)

E Deus fez o homem e a mulher com o intuito de estes procriarem e que a espécie humana continuasse por muitos milhões de anos, mas Deus esqueceu-se de explicar ao nosso querido Adão e à nossa querida Eva o que era o prazer, e assim, ambos, aos poucos, enquanto a noite se masturbava nos lábios da lua, foram descobrindo o significado do prazer.

Adão, olha para as mãos, e com elas começa a acariciar todo o corpo de Eva, e esta em pedacinhos de gemido, de olhos cerrados, contorcia-se parecendo um arbusto quando o vento incide e em pequenos círculos, este, inicia uma dança geométrica e infinita como

se houvesse uma pauta, pauta essa onde constavam todas as notas do prazer.

Depois cobriu-a de beijos, beijando cada pedacinho do corpo de Eva.

Adão sentia-se nas nuvens,

Deus já dormia, acordou com todos aqueles gemidos, sentou-se na cama e tapou os ouvidos com as mãos,

Adão sorria-lhe, Eva desenhava um pequeno sorriso; o resultado da resolução da equação do prazer; o primeiro orgasmo.

(quer o autor salientar que sendo a mulher e a vagina a maior criação de Deus, porque todo o resto que criou é merda, o autor considera que a vagina cerebral é sem dúvida a maior criação de Deus)

Quem nunca sentiu prazer enquanto lê um texto, um poema ou enquanto olha para uma qualquer obra de arte?

A esse prazer todo, Deus todo-Poderoso, criador do céu e da terra, chamou-lhe de orgasmo cultural.

Pela manhã, Deus acorda, levanta-se da cama e quando sai para a rua e acende um cigarro, vê o Adão e a Eva, deitados no chão, abraçados, acorda-os e pergunta-lhes,

Então, meus filhos?

Eva olha-o e responde-lhe,

Maravilhoso, meu Deus. Maravilhoso.

 

(não acreditando o autor em Deus, e respeitando o autor todos os credos e fés, e respeitando muito o autor a mulher e tudo  oque ela representa, pede o autor desculpa a todos aqueles que possam sentir-se ofendidos; não é o intuito deste texto de ficção ofender nada nem ninguém)

 

 

 

 

 

Alijó, 13/01/2023

Francisco Luís Fontinha

(ficção)


28.05.14

Hei-de encontrar-te

nas masmorras cinzentas do sonho

esquecer-me das noites em solidão

e voar sobre os cadáveres desgovernados das tuas mãos de pano

hei-te encontrar-te

no círculo mais secreto do teu corpo

disfarçada de nuvem

ou... ou vestida de neblina

hei-de encontrar-te

no rio da insónia com cabelos de nenúfar

na cama clandestina da madrugada

ou no sofá com lençóis de pergaminho desejo,

 

Sentir que há vida na tua boca

perceber que há flores nos teus seios doirados

sentir a água louca

descendo as tuas coxas que alicerçam soldados

sentir o beijo efeminado com perfume de menina

saltar as giestas cansadas da montanha assassina...

 

Hei-de... hei-de encontrar-te

nas masmorras cinzentas do sonho

galgar as sombras escadas dos edifícios amarelos

ou

ou esperar... esperar que tenhas vida

que sejas a manhã em construção

a estrela do amanhecer

hei-de encontrar-te

no vão do medo

como se fosses a mulher planeta da constelação do amor

encontrar-te

hei-de... hei-de encontrar-te no silêncio do teu orgasmo.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 28 de Maio de 2014


19.08.13

foto de: A&M ART and Photos

 

Eu deixo a conversa fluir... como a água da chuva a cair sobre o teu nu corpo, saboreando as partículas de desejo que descem das nuvens..., ouvem-se as bolhas de sabão a cair nas tuas costas, ouvem-se as sílabas mergulhadas nos teus lábios coloridos, e aos poucos desces pelas minhas mãos como sandálias envenenadas por uma calçada íngreme, e ao fundo, o rio, o Tejo, ele que te espera, e te acaricia entre as medusas de olhos castanhos, sinto-te dentro de mim, e sei, sei que amanhã não estarás na minha cama...

Vamos juntos... enrolados como duas serpentes envenenadas pelo sémen do amanhecer... e lá fora uma maçã acaba de tombar sobre os teus seios, afago-os e mordo-os com os meus finos dedos, e sabes que penetrarei em ti como se fosses um livro de poemas dentro da algibeira do espelho encarnado que acorda antes de acordar o teu orgasmo, é tarde, o relógio da sala cansou-se de ouvir-nos em latidos estranhos que atravessam as paredes de gesso e ripa, o tecto olha-nos, e inveja-te, porque permanecerás eternamente nas suas mãos, como um candeeiro suspenso e que ilumina a noite derretida em pura seda como lençóis sobre o teu corpo de areia, é tarde, lá fora dormem os homens e as mulheres, nós, nós permanecemos eternamente acordados, e procuramos entre os estilhaços dos líquidos sobejantes e adormecidos sobre a cama a saudade, e os beijos,

É tarde, para ti, quase que dormes, olho-te como se fosse o tecto, e vista de cima, tu, pareces um jardim com flores em papel... que voam quando tocas no meu peito, e fincas os lábios ficando entre eles... uma pétala de orvalho,

Estás loucos, oiço-te,

Louco porque a poesia derrete-se como a manteiga sobre os teus seios, louco porque mergulhas na chuva diluída em pequenas lâminas de fogo, tu, tu ardes como um livro depois de lido, folheado, manuseado cuidadosamente, e o papel da tua pele cola-se-me como uma borboleta desesperada depois da tempestade, oiço-te

Estás louco,

Louco porque inventaram o amor, louco porque inventaram o desejo e os jardins junto ao Tejo, e louco, louco porque oiço os uivos teus beijos de encontro à prateleira onde moram os livros de António Lobo Antunes, e louco

Estás louco,

E loucos, loucos barcos em gaivotas saciando o cio nas noites que atravessam o Tejo, e do outro lado, os edifícios em esqueletos vadios, que correm e comem,

Meninos, meninas,

Debaixo da tenda do circo que aportou por aquelas bandas, o vento dá-lhes força nas velas e começam em corridas vagarosas como palhaços velhos, e de bengala, e sorrisos nos seus rostos

Meninos, meninas,

Procurando a fome nos vultos zumbis da avenida adormecida, debaixo da tenda do circo, e todos os sonhos realizáveis... O encontro – A chuva e o nu corpo dela.

 

(não revisto - Ficção)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 18 de Agosto de 2013 / Segunda-feira, 19 de Agosto de 2013

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