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francisco luís fontinha

Nunca vi o mar, A minha mãe sonâmbula nas noites de cacimbo desenhava o mar no teto da alcofa, um círculo com olhos verdes e sorrisos e cheiros que aprendi a distinguir antes de adormecer, e eu, e eu... francisco luís fontinha.

francisco luís fontinha

Nunca vi o mar, A minha mãe sonâmbula nas noites de cacimbo desenhava o mar no teto da alcofa, um círculo com olhos verdes e sorrisos e cheiros que aprendi a distinguir antes de adormecer, e eu, e eu... francisco luís fontinha.


16.03.23

Às vezes

Era a chuva que nos abraçava,

Outras vezes,

Muitas vezes,

Era o desejo que nos silenciava.

 

Às vezes

Tínhamos o perfume de amêndoa

Que a manhã nos dava,

E tantas vezes,

Muitas vezes,

Não tínhamos nada.

 

Às vezes,

Poucas vezes,

Rezávamos,

Outras vezes,

Muitas vezes,

Embriagávamo-nos com o silêncio dos peixes…

Mas nunca nos disseram,

Que das outras vezes,

Umas poucas,

Outras tantas…

Havia uma estrela que nos olhava.

 

Às vezes,

Eu escondia-me na tua mão,

Outras vezes,

Tantas vezes,

Eu tombava no chão…

 

E de todas as vezes

Que me perdi nas outras vezes,

Guardo dentro de mim…

As vezes que sofri.

 

 

 

Alijó, 16/03/2023

Francisco Luís Fontinha


11.02.23

Deste sono aleatório,

Equação invisível da paixão,

Teu corpo meu dormitório,

Teu corpo minha canção,

 

Quando o vento se recusa a erguer,

E escreve em tua mão…

Nas palavras de escrever,

As palavras do meu coração,

 

E do poema a voar,

No poema em pedaços de mel,

Teus lábios em mar,

 

Do mar pedestal;

Desta equação escrita no cansado papel…

Um dia, acordará do sono… o teu sono infiel.

 

 

 

Alijó, 11/02/2023

Francisco Luís Fontinha


02.02.23

Se eu pudesse,

Desenhava o sol no teu olhar

Quando a manhã fria e submersa na minha mão

Corre calçada abaixo em direcção ao mar,

Se eu pudesse,

Poisava o luar nos teus seios prateados

Que durante a noite procuram os meus lábios…

Meus lábios… amordaçados,

 

Se eu pudesse,

Escrevia no teu corpo invisível das nocturnas noites em desejo,

Quando da janela do teu olhar

Regressam a mim as Primaveras em flor,

E num silêncio beijo

Erguia do chão as lágrimas de chorar,

E todas as palavras semeadas no teu púbis amanhecer,

 

Se eu pudesse,

Cantar, escrever, sonhar… ou voar na tua boca,

O sol que te vou dar,

O luar que em ti vou poisar,

Se eu pudesse adormecer,

Apenas…

Enquanto as sílabas estonteantes

Brincam nesta pequena folha em papel amarrotado…

 

Ai se eu pudesse…

Colher todas as flores deste jardim

E libertar todos os pássaros aprisionados,

Abraçar-te,

E por fim,

Pincelar o teu corpo com os poemas da madrugada,

 

Se eu pudesse, enfim…

Tudo o que desejo,

Tudo…

Sem mais nada,

 

Do sonho, acordava…

E tudo o que eu queria,

Que eu sonhava…

Já o faço,

Faço-o a cada dia.

 

 

 

Alijó, 02/02/2023

Francisco


02.02.23

Nas mãos de Deus

Dorme o teu sorriso de esperança,

Das mãos de Deus,

Na despovoada madrugada,

Uma feliz criança

Semeia o seu olhar,

E encanta,

Os teus lindos lábios de doce mar,

 

Nas mãos de Deus

E da alma sagrada,

Há flores que brincam,

Flores que adormecem…

Das mãos de Deus

Há um grito na alvorada,

Silêncios parcos,

Silêncios de nada,

 

Nas mãos de Deus

Esconde-se a noite estrelar,

Nas mãos de Deus

Escondem-se as palavras;

Todas as palavras de amar.

 

 

 

 

Alijó, 31/01/2023

Francisco Luís Fontinha


24.01.23

Desejo-te e abraço-me aos teus doces lábios de mel, no teu peito, procuro a manhã que o silêncio da noite deixou ficar nas amarras do destino, foges-me durante o sono, em pequenos pesadelos que as estrelas beijam, nesta pobre cidade, com o rio nas suas mãos, onde circula livremente a paixão.

Escrevo,

Cartas sem destinatário na ânsia que dos teus doces lábios de mel acordem as palavras envenenadas, nas palavras em desejo, quando o mar te abraça e ao meu ouvido regressa o sussurro ciciar dos gemidos em luar.

Um grito, dentro de mim.

Olho-te e confundo-te com a lua; há nesta pirâmide em desejo as primeiras lágrimas da madrugada, lágrimas que aos poucos se vestem de sol, e a alegria grita no meu destino.

Desejo-te e abraço-me,

Canções que me cantavas e eu trocava o sono por pensamentos, canções de menino, quando uma criança poisa nas abelhas em flor, e tudo isto, numa simples carta, sem destino, remetente, cidade ou País,

Tanto faz,

Um dia voarei na lâminas cinzentas das sanzalas sombreadas pelo fogo do desejo, gemes, oiço-te na penumbra noite dos musseques há muito assassinados por um papagaio em papel, amarras entre ossos e pedaços de silêncio, quando a carta que escrevo, sem destinatário, sem remetente, se abre ao acordar da noite.

A noite deixou de me pertencer.

A noite pertence às lágrimas de uma criança; tão triste, quando nos olhos de uma criança brincam lágrimas em papel flor.

Tão triste, quando no rosto de uma criança habitam lágrimas de fome, quando na peste das palavras, de quase todas as palavras, uma criança tem no rosto as tristes manhãs de Inverno.

As viagens intermináveis do espelho sonolento que a paixão constrói nos olhos do mar, e dos teus doces lábios de mel, sinto o frio areal que os teus cabelos semeiam, semeiam em mim o desejo de voar,

Neste fogo de suspiros que se encostam aos umbrais da ferrugem tarde, vejo o meu barco em cartolina, em pequenos círculos de sono, quando a noite nos leva, sobem até às nuvens coloridas de um coração,

Um pequeno crepúsculo, que se esconde nos teus olhos.

E os teus doces lábios de mel deixaram de pertencer à noite; agora, são os meus doces lábios de mel.

Trago na mão o sol, trago na mão a espada com que vou cortar a tristeza e a solidão, até que um dia, um dia…

Dos teus doces lábios de mel,

Uma criança,

Desenhe na terra o sorriso da lua.

Pensava eu, enquanto dormia abraçado aos teus doces lábios de mel.

 

 

 

Alijó, 24/01/2024

Francisco Luís Fontinha

(ficção)

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