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Francisco Luís Fontinha

Blog do poeta e artista plástico Francisco Luís Fontinha.

Francisco Luís Fontinha

Blog do poeta e artista plástico Francisco Luís Fontinha.


12.08.23

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Ao cair da noite

Pego na tua mão

Beijo-a como Deus me beijou.

Ao cair da noite

Pego no teu cabelo

E acaricio como Deus me acariciou

Junto ao rio

 

Quando eu procurava aquele navio

Que me transportaria para o desconhecido.

Ao cair da noite

Afugento o mar dos teus olhos

E dou às abelhas que brincam nos teus lábios

O doce mel da madrugada.

 

Ao cair noite

Beijo-te como Deus me beijou,

Como Deus escreveu no meu corpo

Os silêncios da noite,

Como Deus desenhou no meu corpo

O cair da noite.

 

Ao cair da noite

Pego na tua mão

E beijo-a como Deus me beijou

Enquanto cai a noite

No teu cabelo de Cinderela adormecida.

Ao cair da noite

Quando desisto da despedida

Vou em busca da noite

E vou à procura da tua mão

E de uma nova partida.

 

 

 

12/08/2023

(desenho de Francisco Luís Fontinha)


29.05.23

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Todos os dias

Destes pequenos dias

Oiço a voz do silêncio

Quando lá fora

Distante

As matrizes transpostas da insónia

Escondem-se do sono

 

Todos os dias

Destes pequenos dias

Há um pequeno viajante

Que parte

Outro

Outro que regressa

E a vida é assim mesmo

Uns partem

Outros

Outros regressam

 

E a nossa vida

A minha vida

É uma recta

Com um ponto de partida

Com outro ponto de chegada

E parto

E regresso

Nesta vida

 

 

 

 

Luís

29/05/2023


11.04.19

Toquem os sinos e anunciem a minha partida.

Cada charco no pavimento é um poema sem nome,

Metáforas…

As palavras são pequenas gotículas do teu suor,

O alimento preferido da paixão,

E dos livros, e dos violinos, vomitam-se melódicos sons que abraçam socalcos.

Pareço um louco transeunte desorganizado, sem apeadeiro,

E, no entanto, atraco a minha barcaça às tuas mãos de fada.

(enquanto escrevo, oiço Doors)

Toquem, toquem todos os sinos que eu vou fugir,

Levo a minha barcaça,

E em terras longínquas vou procurar o amor…

Nada levo.

Apenas preciso de cigarros, cigarros e cachimbos.

Cada charco no pavimento é um poema sem nome,

Uma alma penada,

(como se eu acreditasse em almas, muto menos, penadas)

Palerma.

Palhaço.

O circo regressa sempre na Páscoa…

Espero-te, aqui, sentado, nesta pedra de xisto invisível.

E quando eu morrer, não quero fato e gravata e sapatos pontiagudos,

Não, não quero flores do teu jardim,

Não, não quero a presença do Senhor Abade…

Quero ir só.

Como sempre fui…

Só.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

11/04/2019


30.07.17

Nos olhos, a penumbra pomba adormecida,

Um raio de luz desce e poisa-lhe na mão amachucada pela alvorada,

O silêncio frio da despedida…

Quando o Tejo se esconde na madrugada,

Os barcos da solidão, cansados de esperar pela partida,

Uma casa abandonada, recheada de flores adormecidas,

Canções de amor, palavras esquecidas…

Não mão do escritor,

Sempre tive sonhos,

Viver sobre o mar da esperança,

Levantar bem alto o levante sofrido da escuridão…

Quando criança,

Pegava num pedaço de papel…

E escrevia-te, não percebendo que não existias…

Amanhã nova caminhada,

Amanhã nova estória…

Ensanguentada,

Liberta da memória,

E dos pilares de areia da saudade,

Nos olhos, a penumbra pomba adormecida,

Vive-se vivendo na tentativa de partir…

E nada deixar sobre a mesa… sobre a mesa sofrida.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 30 de Julho de 2017


24.07.17

Parto feliz.

Deixo tudo nas tuas mãos, os velhos papeis, os livros… e a minha sombra.

Para onde vou, nada disso necessito…, apenas preciso de paz.

A fuga, depois da alvorada… para além do rio,

Uma caravela com velas de sonho,

Um pedacinho de solidão…

E lá vou eu, eu, feliz…

Parto feliz.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 24 de Julho de 2017

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