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francisco luís fontinha

Nunca vi o mar, A minha mãe sonâmbula nas noites de cacimbo desenhava o mar no teto da alcofa, um círculo com olhos verdes e sorrisos e cheiros que aprendi a distinguir antes de adormecer, e eu, e eu... francisco luís fontinha.

francisco luís fontinha

Nunca vi o mar, A minha mãe sonâmbula nas noites de cacimbo desenhava o mar no teto da alcofa, um círculo com olhos verdes e sorrisos e cheiros que aprendi a distinguir antes de adormecer, e eu, e eu... francisco luís fontinha.


06.08.17

Vai até à escuridão dos dias falidos,

Vai, corre enquanto a noite não regressa e te leve…

Vai até ao rio ver as gaivotas,

Os candeeiros devolutos abraçados aos barcos ancorados,

Vai, vai até à maré e finge que está tudo bem,

Está sol,

Tens as minhas palavras na mão…

Vai, vai até à revolta dos meninos que brincam na rua,

E nunca digas que estás triste,

E nunca digas que amanhã não estás cá…

Vai…

Vai e volta quando te apetecer regressar…

Mas nunca digas não.

Vai…

Vai e abraça-me,

Até que a saudade nos separe.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 6 de Agosto de 2017


12.01.17

Um dia vou regressar

À terra da saudade,

Vou levar,

Na mão,

Um pergaminho de verdade,

Um dia vou regressar

Aos versos da tua canção…

Aos barcos em papel,

E aos papagaios em flor,

Um dia, meu amor,

Um dia vou regressar

À terra queimada

E húmida da madrugada,

Um dia vou regressar

Às marés de encantar

E às palmeiras de amar…

Um dia, meu amor,

Um dia vou regressar

Para nunca mais voltar.

 

 

Francisco Luís Fontinha

12/01/17


14.12.16

Um dia vou regressar

Aos teus braços,

Minha terra prometida!

Um dia vou cortar estes laços

Que me aprisionam à maré esquecida…

Sem tocar no mar,

Sem tocar nos teus lábios entre abraços

E multidões em fúria,

Um dia,

Um dia vou regressar

Para nunca mais voltar,

Sentir a lamúria

Dos espelhos prateados,

Um dia,

Um dia vou libertar todos os corpos cansados…

Aos teus braços)

Nos teus abraços)

E não vou chorar,

E não vou brincar…

No teu triste olhar.

 

 

Francisco Luís Fontinha

14/12/16


22.01.16

Vem de longe o teu regressar

Sem regressares

Aos meus frágeis braços,

Deixaram de existir beijos

Nos meus tempestuosos lábios embrulhados na noite,

E mesmo assim…

A noite incomoda-me,

Tenho medo das suas garras

Enquanto espero o sono,

Sentado numa cadeira invisível

E sonolenta,

Vem de longe… o teu regressar ao meu corpo moribundo.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

sexta-feira, 22 de Janeiro de 2016


23.11.15

Tínhamos uma nuvem de silêncio no nosso quarto, andorinhas e algumas bugigangas trazidas do outro lado do rio, alguns caixotes desaromados, alguma roupa e um sonho, acreditávamos no amanhecer junto à geada, a esfera do caos esbranquiçada poisada na nossa mão, eu era uma criança mimada, filho único, Africano de nascença, apátrida e desapontado pelas raízes do poder, tinha medo, meu pai, tinha medo da tua terra…

E sem o perceber

Assim temos mais prazer, penso nos teus seios, imagino os teus broches literários sobre a velha secretária em madeira, gemes, ouvem-se os gonzos da solidão salitrarem sobre a cancela da noite,

E que noite, meu amor, e que noite,

E sem o perceber acordei junto a um dos caixotes, sentia o vento do mar a entranhar-se nos meus frágeis ossos, chorava, gritava… nem um mabeco em meu auxílio,

E sem o perceber, tínhamos uma nuvem de silêncio no nosso quarto, andorinhas e algumas bugigangas trazidas do outro lado do rio, e soníferos beijos, lembras-te, meu amor, o cheiro intenso da madeira envelhecida e triste, os pregos enferrujados de tédio, e algumas frestas de solidão, ninguém, ninguém imagina este concerto de sons melódicos e metálicos do sofrimento, a morte, a ressurreição e a alvorada,

A tristeza de não saber quem és…

 

 

(ficção)

Francisco Luís Fontinha – Alijó

segunda-feira, 23 de Novembro de 2015

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