![20230813_094310.jpg]()
Aos olhos da lua,
Sou.
Sou qualquer coisa comestível
Que apenas a noite,
E só a noite,
Consegue mastigar.
Sou
Aos olhos da lua
Uma pequena lágrima de sono,
E abatato-me neste silêncio
E suicido-me nos teus lábios.
Aos olhos da lua
Sou.
Sou lágrima em flor,
Sou poeta,
Sou pastor.
Aos olhos da lua
Sou um miserável,
Poeta miserável,
Poeta…
O morto poeta
Quando as mãos da poesia,
Lentamente,
Masturbam a noite.
Aos olhos da lua,
Sou.
Sou.
Sou o quê, aos olhos da lua?
Se a lua não tem olhos
E eu,
E eu não sou nada.
Aos olhos da lua,
Sou.
Sou canção que se abraça ao rio,
Sou o poema que brota do mar,
Sou a fome,
O fastio,
Aos olhos da lua,
Sou.
Sou trombone na filarmónica,
Sou equação nas mãos dele,
Aos olhos da lua,
Sou.
Aos olhos da lua sou gaveta de armário,
Papel higiénico…
Aos olhos da lua,
Sou…
13/08/2023
Francisco
(desenho de Francisco Luís Fontinha)