20.06.22
Verde são estes olhos de dormir
Enquanto há palavras na fogueira,
Verde são os poemas de amar,
São as lágrimas de chorar;
Verde são as noites sem dormir,
São as noites junto à ribeira…
Verde são as ondas do mar
Que brincam na lareira.
Verde é a solidão
Sob o tórrido silêncio de escrever,
Verde é a palavra envenenada
Que tento adormecer na alvorada.
Verde sentido só possível neste coração…
Verde as nuvens do entardecer,
Que escondem socalcos enxada,
Como se o universo fosse morrer,
Como se o universo fosse verde aldeia.
Verde cansaço madrugar,
Que escondo no Ujo luar,
Verde que sofre, verde das almas roubadas,
Verde alegre das lágrimas semeadas.
Verde são os olhos de chorar,
Verde são os versos das janelas arrombadas
Na casa verde, na casa poema de sonhar.
Alijó, 20/06/2022
Francisco Luís Fontinha