Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Francisco Luís Fontinha

Blog do poeta e artista plástico Francisco Luís Fontinha.

Francisco Luís Fontinha

Blog do poeta e artista plástico Francisco Luís Fontinha.


21.01.23

Encosto a cabeça à tua pele envenenada

Quando nos olhos de uma ribeira

A tua mão aquece as primeiras lágrimas da manhã,

Sento-me na tua mão

E escrevo todo o teu corpo

Com as palavras que a ribeira me segredou,

 

Sobre mim

Tenho as pedras cinzentas dos edifícios em ruínas

Ossos de betão

Cansados de serem as sombras dos corredores de vidro,

 

À janela,

Os teus seios mergulhados nos meus lábios…

Perfumados poemas

Que se destroem no teu púbis,

 

Encosto a cabeça

Ao teu cabelo de argila

Que na água fria,

Durante a noite,

Insemina o meu destino,

O destino de ser um veleiro dentro da tempestade,

 

Um veleiro com asas

Que voa sobre o derramado sémen

Na boca de um pedaço de silêncio

Em busca do amanhecer,

 

Encosto a cabeça à tua pele envenenada

Quando nos olhos de uma ribeira,

 

Os meus olhos se abraçam.

 

 

 

 

Alijó, 21/01/2023

Francisco Luís Fontinha


20.01.20

Perde-se no tempo o sonho da saudade.

Invento coisas, pequenas frases suspensas nos cortinados da solidão,

E, ao longe, a camuflada madrugada em desespero.

Dizem que ela, a tempestade,

Vem alicerçar-se nas janelas do silêncio,

Como um livro desempregado, só, triste…

Invento coisas.

Perde-se no tempo o sonho da saudade.

O alegre canino, que habita nas sombras desta velha cidade,

Corre em direcção ao mar,

Veste-se de veleiro vadio,

E zarpa sem ninguém dar conta da sua ausência.

Fico triste, vê-lo partir como partem os pássaros para a outra margem,

Sem destino,

Sem rumo,

Rodopiando dentro do vento,

Canções de chorar.

Levita o cansaço da noite,

Quando o dia já pertence ao passado,

Morre nas mãos de uma criança,

E jamais acordará em mim.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

20/01/2020


02.01.13

Trazias nos olhos

os primeiros dias da Primavera

havia poemas nas margens da ribeira

sibilada que a montanha absorve

alimenta

trazias nos olhos

a poeira

dos versos de amor

 

de quem abraça

e de quem sente a escuridão da tarde

contra os rochedos das palavras em brasa

à lareira

o livro teu corpo sente as mãos de deus

que vêm de longe para te verem dormir

como um pássaro criança

nos fingidos medos de partir

 

trazias nos olhos

a esperança

o mar entrelaçado nos veleiros amanhecer

esperavam esperavam esperavam a fina aliança

que do oiro veste os dedos finos da poesia

e havia

em ti menina mimada

cabelos silenciosos com sabor a pimenta.

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha

Alijó

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2015
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2014
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2013
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2012
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2011
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub