17.01.23
Numa folha em papel branco
Podia escrever a minha vida
A minha vida
Como se a vida pudesse ser escrita
Como se a vida pudesse ser desenhada
Numa pequena folha em papel
Ou numa tela desmaiada,
Numa pequena folha desanimada
Nasceu a não sei quantos de Janeiro
Às sete e trinta da madrugada
Num feliz Domingo de Sol,
Cresceu
Brincou junto ao mar
Cresceu
Cresceu
E morreu a tantos do tantos
De dois mil e tantos…
A vida
A minha vida,
Uma merda de vida
Dentro das escarpas da solidão
A vida que é escrita
Na escrita que é vivida,
Vivida em cada mão,
Numa folha
Numa folha em papel branco
Quando no corpo um nenúfar de vento
Te leva a pequena folha
A pequena folha em papel branco…
E não tens onde escrever
A tua vida
A vida da tua pobre vida.
Alijó, 17/01/2023
Francisco Luís Fontinha