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francisco luís fontinha

Nunca vi o mar, A minha mãe sonâmbula nas noites de cacimbo desenhava o mar no teto da alcofa, um círculo com olhos verdes e sorrisos e cheiros que aprendi a distinguir antes de adormecer, e eu, e eu... francisco luís fontinha.

francisco luís fontinha

Nunca vi o mar, A minha mãe sonâmbula nas noites de cacimbo desenhava o mar no teto da alcofa, um círculo com olhos verdes e sorrisos e cheiros que aprendi a distinguir antes de adormecer, e eu, e eu... francisco luís fontinha.


19.05.23

Voávamos e não sabíamos que voávamos,

Voávamos sobre uma cidade em lágrimas,

Sobre uma cidade que se escondia depois do pôr-do-sol…

Voávamos entre paredes,

Voávamos,

Voávamos entre janelas,

Voávamos nos olhos um do outro…

E esperávamos que regressassem as andorinhas em flor,

 

Voávamos de pensão em pensão,

De escadaria em escadaria,

Voávamos e não sabíamos que voávamos…

Voávamos de barco em barco e de mar em mar,

Voávamos nos lábios da saudade,

Voávamos nas mãos do luar…

Voávamos sobre uma cidade esquelética,

Uma cidade muito feia,

Uma cidade de engano,

E voávamos também nós…

Enganados,

 

Voávamos na primeira lágrima da manhã,

Voávamos no último sorriso da tarde,

E voávamos sem saber que voávamos,

E voávamos sem saber que as nossas asas…

Aos poucos,

Poucos…

Morriam depois de um poema declamado,

 

Voávamos na ausência do sono,

Voávamos nas palavras que eu te escrevia,

Voávamos enquanto alguém corria a cidade à nossa procura…

E nunca nos encontrava,

Voávamos, voávamos bem lato,

Voávamos sobre a copa das árvores,

Onde dormiam os pássaros que nos ensinaram a voar,

 

Voávamos durante o dia,

Voávamos durante a noite…

Voávamos à procura das estrelas que alguém lançou ao mar,

Voávamos,

Voávamos…

Voávamos enquanto o desejo nos consumia…

E continuávamos a voar,

E voávamos,

Voávamos entre janelas,

Voávamos nos olhos um do outro…

E esperávamos que regressassem as andorinhas em flor.

 

 

 

 

Alijó, 19/05/2023

Francisco Luís Fontinha


23.02.23

Às vezes, visitavam-me os barcos de brincar,

Depois, pegava num pedacinho de silêncio,

Subia mangueira acima…

E voava em direcção ao mar,

 

Sobre o mar, disfarçava-me de nuvem,

Corria, corria… corria,

E quando regressava a noite,

Ia até ao luar,

Sentava-me na lua,

E desenhava sonhos no teu olhar,

 

Hoje, não tenho mais barcos de brincar,

Nem pedacinhos de silêncio,

Nem noites de luar…

Tão pouco sei voar

Ou sonhar,

Mas tenho o teu olhar.

 

 

 

Alijó, 23/02/2023

Francisco Luís Fontinha


05.02.22

Voa…

Liberta-te das palavras

Enquanto dorme o luar.

Voa…

Desenha a tua sombra

Nas lágrimas do mar.

Voa…

Do rio à montanha,

Enquanto a montanha não sabe chorar.

E se queres voar,

Voa…

Voa… sem medo de amar.

 

 

Alijó, 05/02/2022

Francisco Luís Fontinha


23.05.15

O amor das pedras

Quando as pedras são pessoas

E as pessoas

Pedras

Sombras

Noite

Clara

Escura

Negra

A paixão

Das pessoas

Das pedras

Boas

Voar

Sobre

Voar sobre os telhados de vidro

E sonhar com pássaros em papel

O fumo

Do teu olhar

Regressa aos meus lábios em sono

A alegria

De chorar

Porquê

Se amanhã

Voar

No mar

Sobre o mar

Das pedras

Boas

Voas

Tu

Voar…

Voar sobre o meu peito de xisto

E ao longe

Socalcos

E luz

Entre candeias

E palavras

De nada

Obrigado

O poema ama

É vida

É viver

Em nada

Com nada

A morte

A morte ensanguentada

E sem morada

Nem chegada…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 23 de Maio de 2015


28.10.13

foto de: A&M ART and Photos

 

adorava voar nos teus lábios de beijar

e escrever na tua bocas beijos de sonhar

e desenhar nas tuas mãos teclas de amar...

adorava-te ver-me em ti sabendo que não existiram despedidas

vagueadas manhãs vagabundas

noites envenenadas

e dias e dias desgraçadamente passados entre gradeamentos e clarabóias mendigas

desejava voar nos teus lábios de pergaminho

baixinho

junto ao teu coração

adorava e não consigo esquecer o mar

odiava e esqueci o nauseabundo cheiro da naftalina

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 28 de Outubro de 2013

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